Dados do Trabalho


Título

Otimização da Predição de Mortalidade na Doença de Chagas: Modelos Dinâmicos da coorte SaMi-Trop

Introdução

Pacientes com doença de Chagas (DC) apresentam o risco de desenvolver cardiopatia e mortalidade, destacando a necessidade de estratificação de risco para uma abordagem terapêutica adequada. 

Objetivo (s)

Este estudo teve como objetivo identificar os fatores preditivos de mortalidade em pacientes com DC em uma área endêmica, empregando abordagens avançadas baseadas em modelos preditivos dinâmicos.

Material e Métodos

A amostra estudada consistiu em pacientes com DC pertencentes à coorte SaMi-Trop, que foram submetidos a uma avaliação cardiológica inicial entre 2013 e 2014 e duas reavaliações em intervalos de dois anos. Os pacientes passaram por exames laboratoriais, ECG e ecocardiograma em ambos os momentos. O desfecho primário foi a mortalidade geral. Modelos preditivos dinâmicos foram empregados para estimar o risco de mortalidade, considerando mudanças nas covariáveis ao longo do tempo. Pacientes que faleceram ou não retornaram para a segunda avaliação foram excluídos da análise. O estudo foi aprovado pela CONEP sob protocolo número 179.685/2012.  

Resultados e Conclusão

Dos 1989 pacientes recrutados inicialmente, 1586 foram incluídos, com idade média de 58 (± 12) anos, sendo 1077 (68%) do sexo feminino. Cardiopatia chagásica foi identificada em 905 pacientes (57%), com fração de ejeção média de 59 (± 11)%. Durante um seguimento médio de 5,1 anos, 251 pacientes (16%) faleceram, com uma incidência de 3,3 óbitos por 100 pacientes-ano. Utilizando o modelo de predição de Landmark, a classe funcional III e IV na avaliação inicial, mantida nesse nível, foi um preditor significativo de morte (HR 1.698, IC 95% = 1.192-2.418). Por outro lado, a melhora da classe funcional com o tratamento não se associou à mortalidade. Em relação ao ECG, pacientes com alterações maiores mantidas na segunda avaliação foram preditores importantes de morte (HR 2.2676, IC 95%=1.5808 - 3.253), enquanto aqueles com alterações menores ou ECG normal que progrediram para alterações maiores não apresentaram associação com a mortalidade. Além das variáveis dinâmicas, o uso prévio de benzonidazol, idade mais jovem e sexo feminino foram associados a uma melhor sobrevida. O modelo final apresentou boa capacidade de discriminação, com uma estatística C de 0.749.  A gravidade da apresentação clínica e do ECG na avaliação inicial, que não melhorou com o tratamento da insuficiência cardíaca, foram determinantes importantes de mortalidade. Embora o surgimento de alterações maiores no ECG indique cardiopatia, não foi um preditor de morte nessa população.    

Palavras Chave

Doença de Chagas; Mortalidade; Predição.

Área

Eixo 06 | 1.Protozooses humanas e veterinárias - Doença de Chagas

Prêmio Jovem Pesquisador

3.Concorrer na categoria - Doutorado

Autores

Ariela Mota Ferreira, Ester Cerdeira Sabino, Jose Luiz Padilha da Silva, Cesar Augusto Tacolneli, Lea Campos de Oliveira-da Silva, Silvana Araújo, Ana Beatriz Cardoso Sena , Mathaus Henrique Reis Silva, Sâmara Fernandes Leite, Antonio Luiz Pinho Ribeiro, Maria do Carmo Pereira Nunes