Mensagem da Presidente do MEDTROP 2024


Sejam bem vindos a São Paulo.

Depois de 28 anos, o MEDTROP volta para a cidade de São Paulo. Prestes a completar 60 anos, o MEDTROP tem amadurecido a cada edição. Neste 59º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, MEDTROP 2024, consideramos fundamental a sua contextualização à luz das transformações socioambientais e dos grandes desafios na área sanitária. O MEDTROP, desta forma, continuará a ser relevante, contribuindo para as ações na área médica, do planejamento, pesquisa, implantação de programas a prevenção e atendimento dos pacientes.  Será relevante, portanto, para os participantes habituais deste evento multiprofissional, constituído por diferentes atores dessa cadeia, partícipes de órgãos governamentais, pesquisadores, médicos, outros profissionais de saúde e estudantes.

Por esta razão, elegemos como lema: MEDICINA TROPICAL SOB OLHAR DE SAÚDE ÚNICA.

A Saúde Única reconhece que a saúde dos seres humanos, dos animais, das plantas e do meio ambiente mais amplo está intimamente ligada e interdependente. Desta forma, neste evento, a interface com o meio ambiente e a ciência veterinária virão à tona.

A realização do MEDTROP em São Paulo é uma oportunidade para resgatar a contribuição passada e presente deste estado e renovar seu compromisso de contribuição no ensino, pesquisa, nas ações na saúde individual e coletiva.

São Paulo é notória pela pujança econômica que iniciou com a cultura do café que se projetou a nível nacional na virada do século XVIII para XIX, em meio a crise escravocrata, seguiu-se depois, para industrialização, impulsionando a ocupação do interior e desenvolvimento de infraestrutura no estado. Toda essa mudança e desenvolvimento implicaram na chegada maciça de imigrantes de diversas partes do mundo e aumento de comércio internacional, por porto de Santos, inicialmente, e também aeroportos na atualidade. Invariavelmente, propiciaram o surgimento de surtos de doenças infecciosas como a cólera, febre tifoide, peste bubônica, febre amarela, no século XIX. Mais recentemente, foi em São Paulo que foram diagnosticados os primeiros casos de HIV e Covid-19.

No passado, foram fundamentais a atuação dos tropicalistas paulistas como Adolfo Lutz, Emilio Ribas, Vital Brasil atuando em diversas frentes para o controle de surtos e epidemias, no campo, no estabelecimento de estruturas para produção de insumos como antissoros. Os primórdios do Instituto Adolfo Lutz, Instituto Butantan e Instituto de Infectologia Emílio Ribas se remetem a essa época.

O processo de interiorização no estado, propiciou o aparecimento de doenças parasitárias como leishmanioses e doença de Chagas. Pesquisas destas e outras doenças parasitárias dos trópicos mereceram pesquisas que impactaram o desenvolvimento da área, por professores da Universidade de São Paulo (USP), como   Samuel Barnsley Pessoa, Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Leonidas Deane, Ruth Nussensweig, Erney Plessmann de Camargo. Particularmente, no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo (fundado pelo Prof. Carlos da Silva Lacaz, em 1959), da Faculdade de Medicina da USP, destacaram-se as atuações dos professores Mario Endsfeld Camargo no programa de diagnóstico e controle da doença de Chagas, do Thales de Brito na elucidação de patogenia de esquistossomose e leptospirose entre outras e, mais recentemente, da Ester Cerdeira Sabino no primeiro sequenciamento do SARS-Cov-2 no Brasil.

O estado de São Paulo prima por estrutura assistencial, de vigilância e controle de doenças tropicais. Conta com instituições universitárias empenhadas na formação e pesquisa na área e institutos de pesquisa com contribuição nacional e internacional.

Venham e participem do MEDTROP 2024 para uma experiência completa do ponto de vista médico-científico em Medicina Tropical, mas também para desfrutar de inúmeras opções culturais e gastronomia criativa.

Profa. Dra. Hiro Goto
Faculdade De Medicina da Universidade de São Paulo
Presidente do MEDTROP 2024