Dados do Trabalho

Título

Metemoglobinemia em paciente com Malária por Plasmodium vivax: um relato de caso raro na Amazônia brasileira

Objetivos(s)

A malária por Plasmodium vivax tem uma importância global significativa e no Brasil, especialmente na região amazônica, o impacto na morbimortalidade é alto. Neste contexto, a Primaquina é um fármaco eficaz contra as formas adormecidas que parasitam os hepatócitos, porém pode ser o responsável por quadros de metemoglobinemia que, apesar de incomum, é uma complicação grave e potencialmente fatal. O presente relato trata de um caso pouco registrado na literatura médica acerca de Metemoglobinemia secundária ao uso de primaquina para tratamento de Malária por Plasmodium vivax, ocorrido em um hospital de referência na Amazônia brasileira, com desfecho favorável.

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, 39 anos, negra, solteira, agricultora. Após buscar um primeiro atendimento em um hospital da região, queixou-se de febre,mialgia e lombalgia, precisando de internação para investigação etiológica e controle de sintomas. Ápos alta teve piora no quadro dos sintomas associados a calafrios,sudorese,icterícia,hiporexia,dor abdominal,náuseas,vômitos,cefaleia e mal-estar, onde na admissão foi realizado exame de gota espessa,revelando infecção por Plasmodium vivax, 2 cruzes, sendo iniciado o tratamento para Malária com Cloroquina e Primaquina. No dia seguinte, evoluiu com edema em membros inferiores e desconforto respiratório, sendo transferida desta vez para o Hospital de referências em Doenças Tropicais e Infecciosas da região, apresentando-se em regular estado geral, lúcida e orientada em tempo e espaço, taquipneica (FR 26 irpm), saturando 98% sob cateter nasal de oxigênio a 2L/min, taquicárdica (126 bpm), normotensa (136x90 mmHg), afebril (37,3º C), hipocorada (+/4+), hidratada, acianótica e ictérica (+/4+). Nos exames laboratoriais, o hemograma apresentou plaquetopenia (45.720 mm3);hemoglobina de 9%,hematócrito de 28%,leucócitos de 3.742 mm3 e hipocalemia (Potássio 2,7 mmol/L). Após 4 dias teve piora da anemia (hipocorada ++/4+), icterícia (++/4+) e iniciou quadro de cianose nas unhas e nos lábios. À oximetria de pulso, apresentava saturação de 88% a 92% em ar ambiente, porém sem quaisquer sinais de insuficiência respiratória (FR 16 irpm).       

Conclusão

Realizou-se gasometria arterial, que revelou relação pO2(a)/FO2c 482 mmHg (saturação parcial de oxigênio 96% em ar ambiente). Além disto revelou Metemoglobinemia de 21,8% (VR 2%). Após realizado tratamento, um novo exame de gota espessa foi realizado e, desta vez, apresentou resultado negativo, onde ápos doze dias de internação a paciente recebeu alta.