Dados do Trabalho

Título

Avaliação dos parâmetros biológicos de fêmeas de Lutzomyia longipalpis (Diptera:Psychodidae) após contato com telas impregnadas com inseticidas

Introdução

Os flebotomíneos são insetos responsáveis pela transmissão dos protozoários do gênero Leishmania que causam a leishmaniose visceral (LV) e a leishmaniose tegumentar (LT). Segundo o Ministério da Saúde são registrados 3,5 mil casos de LV no Brasil a cada ano, sendo que o principal vetor transmissor é o Lutzomyia longipalpis. Para diminuir a incidência dessas doenças, uma das possíveis alternativas, ainda pouco utilizada, é o uso de telas impregnadas com inseticidas em áreas endêmicas. 

Objetivo (s)

Avaliar o efeito de duas telas impregnadas com inseticida na mortalidade, alimentação sanguínea e oviposição de fêmeas de Lutzomyia longipalpis.

Material e Métodos

Foram confeccionados três grupos de potes plásticos revestidos com três tipos diferentes de tela: Interceptor® G1 (impregnada com alfacipermetrina), Interceptor® G2 (impregnada com clorfenapir e alfacipermetrina) e telas sem inseticida (controle). Foram utilizados três potes de cada tela e 10 fêmeas de Lutzomyia longipalpis foram colocadas em cada um, sendo 30 insetos por tela e 90 no total. O tempo de exposição foi de 15 minutos em cada pote, e as fêmeas foram posteriormente transferidas para três gaiolas. A alimentação sanguínea foi realizada com camundongos anestesiados por 40 minutos e a oviposição foi observada até sete dias após a exposição às telas. O trabalho foi encaminhado ao Comitê de Ética Animal.

Resultados e Conclusão

Após os 15 minutos, os insetos do grupo controle não apresentaram nenhuma alteração comportamental. As fêmeas expostas ao G1 ficaram letárgicas e todos os 30 insetos sofreram knock-down, não sendo possível observar a alimentação sanguínea deste grupo; em G2, apenas quatro insetos não sofreram knock-down. Dessa forma, realizou-se a alimentação sanguínea nos insetos dos grupos C e G2 que não sofreram knock-down. No grupo controle, observou-se que, dos 30 insetos, 14 realizaram a alimentação sanguínea (47%), 5 estavam pouco alimentados (17%), e os outros 11 não se alimentaram (36%). Das quatro fêmeas no grupo G2, apenas uma foi capaz de se alimentar (25%). No grupo controle, foi possível contar 48 ovos, e em G2 não se observou a presença de nenhum ovo. A tela G1 causou total mortalidade, e a tela G2, apesar de não matar 100% das fêmeas, impediu a maior parte da alimentação e a oviposição. Testes futuros serão realizados no intuito de encontrar o menor tempo de exposição em que as fêmeas ainda têm seus parâmetros biológicos inalterados.

Palavras Chave

Flebotomíneos; leishmaniose; Controle de vetores; inseticidas