Dados do Trabalho


Título

Atividade de híbridos pirazol-imidazolina contra Trypanosoma cruzi: aplicação de modelos celulares mais robustos em ensaios pré-clínicos in vitro

Introdução

 A terapia da doença de Chagas (DC), causada por Trypanosoma cruzi, está pautada em apenas dois medicamentos aprovados para uso clínico, benzonidazol (Bz) e nifurtimox (Nif). Esses fármacos possuem baixa eficácia na fase crônica, efeitos adversos graves que podem levar a descontinuidade do tratamento, contraindicação para gestantes e portadores de insuficiência hepática. O Bz, fármaco de referência no Brasil, não preveni a evolução da cardiomiopatia chagásica. Neste cenário, nosso grupo de pesquisa tem investido na otimização de derivados de pirazol, grupo farmacofórico destacado na química medicinal pela ampla atividade biológica, incluindo contra T. cruzi. Dados prévios apontam os derivados pirazol-imidazolina, 3g (4-Cl), 3j (4-Br) e 3m (3-Cl, 4-CH3), como potenciais candidatos anti-T. cruzi.

Objetivo (s)

 Neste estudo, a eficácia dos derivados pirazol-imidazolina foi investigada em modelos celulares mais robustos, visando minimizar a lacuna entre os ensaios pré-clínicos in vitro e in vivo.

Material e Métodos

A capacidade de 3g, 3j e 3m em inibir a recrudescência do parasito foi avaliada no ensaio de washout, utilizando T. cruzi Dm28c-luciferase (CQB105/99). Os candidatos promissores foram avaliados quanto a cardiotoxicidade (modelos 2D e 3D) e a atividade antiparasitária em esferoides cardíacos 3D; análise de absorção e eficácia em modelo de co-cultivo de células Caco-2 e Vero, e infecção aguda de camundongos Swiss Webster com T. cruzi cepa Y (L017/2022-/A2).

Resultados e Conclusão

Entre os 3 derivados ativos, apenas o 3m inibiu a recrudescência do parasito com perfil similar ao tratamento com Bz, prosseguindo na triagem com sistemas mais complexos. O derivado 3m não possui efeito cardiotóxico em modelos de células cardíacas 2D e 3D (CC50 >150 µM). O microtecido cardíaco 3D infectado e tratado com 3m reduz significativamente a carga parasitária, tal como Bz. O derivado 3m inibe em 71,8% o índice endocítico no modelo de co-cultivo, demonstrando boa absorção em células Caco-2 e atividade antiparasitária em sistemas multicelulares. A combinação com Bz demonstrou interação com efeito aditivo (xΣFICI = 1,77), podendo levar a desfechos positivos no tratamento. Na infecção aguda in vivo, o tratamento via oral dos camundongos com 3m (50 mg/kg/dia) induziu 52% de redução da carga parasitária no pico da parasitemia e sobrevida de 40% dos animais acompanhados por 50 dias. Estes dados reforçam o potencial de derivados pirazólicos e estimulam avançar com novas otimizações para melhorar seu potencial antiparasitário. 

Palavras Chave

Trypanosoma cruzi; Doença de Chagas; quimioterapia; pirazol-imidazolina

Área

Eixo 06 | 1.Protozooses humanas e veterinárias - Doença de Chagas

Prêmio Jovem Pesquisador

2.Concorrer na categoria - Mestrado

Autores

Lorraine Martins Rocha Orlando