Dados do Trabalho

Título

Meningite eosinofílica e a ocorrência de Angiostrongylus cantonensis em Rattus rattus e Achatina fulica no município de Seropédica, Rio de Janeiro.

Introdução

Meningite eosinófilica ou angiostrongilíase cerebral é uma doença parasitária zoonótica causada pelo Angiostrongylus cantonesis. A infecção humana ocorre pelo consumo de hospedeiros intermediários (HI), paratênicos e alimentos contaminados com a larva infectante L3. No Brasil, um dos principais HI são moluscos como A. fulica e os principais hospedeiros definitivos (HD) são roedores como R. rattus e R. norvegicus. A sintomatologia nos humanos é inespecífica, cursando com cefaleia, febre, vômitos, rigidez de nuca e parestesias, podendo ser negligenciada por ser confundida com outras patologias que também possuem alta morbidade. Somado a isso, regiões em que há uma precaridade quanto à questões sanitárias como acúmulo de lixo e presença de roedores, atuam favorecendo para que hajam as condições favoráveis para a manutenção do ciclo no ambiente, tornando-se um risco à saúde pública.

Objetivo (s)

O objetivo do estudo foi identificar a ocorrência do ciclo do parasito, seus hospedeiros definitivos e intermediários naturais no município de Seropédica (RJ), que apresenta apenas 64.1% de domicílios com esgotamento sanitário e 19.7% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada.

Material e Métodos

Para isso, foram realizadas buscas ativas dos moluscos e roedores próximo aos alojamentos no câmpus da UFRRJ em março de 2023. O processamento dos moluscos A. fulica ocorreu no laboratório da Fiocruz, onde foi realizada a técnica de Baermann-Moraes para a recuperação e contagem das larvas L3. A captura dos roedores foi feita com uso de armadilhas como Live-trap e Tomahawk. Posteriormente, os roedores foram necropsiados e os helmintos encontrados analisados.

Resultados e Conclusão

De 11 A. fulica, 8 estavam infectadas e o total de larvas recuperadas foi de 260. Dos 9 roedores coletados, 6 deles estavam infectados por A. cantonensis, representando prevalência de 72% e caracterizando uma prevalência de infecção de 67%. No total, 59 helmintos adultos foram recuperados, sendo machos (56%) e fêmeas (44%). A abundância média e a intensidade média foram, respectivamente, 6,5 e 9,8. Mediante a elevada prevalência nos espécimes coletados de R. rattus e A. fulica, infere-se que o município apresenta condições favoráveis à dispersão dos hospedeiros e do parasito, sugerindo a possibilidade de uma transmissão endêmica e representando um alto risco à saúde humana local. Evidenciando a urgência em ampliação do conhecimento ecológico dos hospedeiros e de ações de vigilância para monitorar e evitar a ocorrência da doença.

Palavras Chave

Angiostrongilíase cerebral; Helmintíases; Zoonoses; Saúde Pública; Vigilância em saúde