Dados do Trabalho

Título

REGISTROS INÉDITOS DA DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DE TRIATOMÍNEOS NO PARÁ: UM OLHAR HISTÓRICO PARA TRANSMISSÃO SILENCIOSA DA DOENÇA DE CHAGAS

Introdução

O vetor transmissor da doença de Chagas (DC) é o inseto hematófago triatomíneo, conhecido popularmente como barbeiro. Habitam o ambiente silvestre, mas devido à perda do seu habitat são encontrados no domicílio e peridomicílio da população, propiciando o contato fortuito do homem/vetor, configurando um grave problema de saúde pública.

Objetivo (s)

Descrever a distribuição espaço-temporal de triatomíneos de demandas ativas e passivas de vigilância entomológica no Pará.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo ecoepidemiológico, consultando os livros de registros de campo do Laboratório de Doença de Chagas do Instituto Evandro Chagas entre os anos de 1977 e 1988. A análise espacial se deu através do software QGIS 3.2.8. 

Resultados e Conclusão

Observou-se 4.939 triatomíneos no estado do Pará no período de 1977 e 1988, com 3.149 (63,75%) pertencentes ao segundo semestre anual e o ano de 1983 apresentou maiores capturas com 1.106 (22,39%) insetos. Esta sazonalidade pode estar associada a fatores como índices pluviométricos mais baixos, temperaturas mais altas e a maior ocorrência de desflorestamentos por meio das queimadas. As espécies mais encontradas foram Rhodnius robustus, Rhodnius pictipes, Triatoma rubrofasciata, Panstrongylus geniculatus e Panstrongylus lignarius com 2.100 (42,51%), 1002 (20,28%), 699 (14,15%), 260 (5,26%) e 181 (5,26%), nesta ordem. Rhodnius robustus e Rhodnius pictipes também foram descritos em estudos por sua alta relevância para a dinâmica da transmissão local da DC na Amazônia. A distribuição geográfica ocorreu principalmente no município de Belém, nos bairros do Tenoné, Cidade Velha, Pedreira, Curió-Utinga e a Ilha de mosqueiro com 448 (9,07%), 335 (6,78%), 217 (4,39%), 133 (2,69%) e 316 (6,39%) respectivamente. Estudos inferem maiores índices de infecção natural em zonas de mata, desta forma, este alto índice pode estar associado aos anos que ocorreram à captura, uma vez que a vegetação arbórea era mais extensa. Quanto a infectividade 594 (12,02%) positivaram para hemoflagelados semelhantes morfologicamente ao Trypanosoma cruzi, sendo 4.680 (94,75%) capturada por demanda ativa. A demanda passiva foi constituída por 259 (5,24%) insetos, dos quais 56 (21,62%) foram encontrados em domicílio, 24 (9,26%) no cômodo quarto e 28 (10,81%) durante o período noturno. Este cenário pode ser justificado pela busca alimentar do inseto. Conclusão: A visualização temporal e espacial destes triatomíneos mediante geoprocessamento contribui para a detecção da transmissão silenciosa da DC no Pará.

Palavras Chave

Triatomíneos; Doença de Chagas; Trypanosoma cruzi; análise espacial