Dados do Trabalho
Título
A Febre do Oropouche: o avanço da doença no Brasil em uma década (2010-2019)
Introdução
O Vírus Oropouche orthobunyavirus (OROV) é o causador da febre do Oropouche, uma síndrome febril aguda. O OROV no Brasil teve seu primeiro isolamento em 1960, com ocorrências de casos em lugares previamente sem notificação de casos.
Objetivo (s)
Investigar a ocorrência e exposição ao OROV no território brasileiro.
Material e Métodos
Estudo descritivo, transversal, retrospectivo, aprovado por CEP (parecer 4.591.176). Dados laboratoriais de teste de Inibição da Hemaglutinação (IH) e de ensaio imunoenzimático (ELISA) e sociodemográficos (ano, sexo, idade, UF e município) foram coletados em banco de informações dos laboratórios, fichas de cadastro e sistema GAL da SAARB/IEC, entre os anos de 2010 a 2019. Foi considerada reação positiva (reagente) para o OROV pelo teste de IH amostras com título ≥1:20 e no ELISA-IgM aquelas com densidade óptica ≥ 0,200. Os dados foram analisados com o auxílio do Microsoft Office Excel 2010 e do programa Bioestat versão 5.3.
Resultados e Conclusão
O estudo contemplou 15 estados do território brasileiro tendo um n amostral de 1.668 indivíduos expostos (detecção de anticorpos totais IH) distribuídos nas regiões Norte (AC, AP, AM, PA, RO, RR e TO), Nordeste (PI, AL, BA e MA), Centro Oeste (MT, MS e GO) e Sudeste (ES). Ao longo dos anos ocorreu crescimento de casos a partir de 2011 no Centro Oeste bem como desde 2014 no Nordeste, assim como exposição em MT (2011), MS (2014), GO (2015) e ES (2019) demonstrando uma disseminação do vírus pelo território não vista antes. Os indivíduos do estudo consistem em uma população de 953 mulheres (57,1%), 640 homens (38,4%), sendo o maior percentual (74%) de pessoas em idade produtiva (21 a 60 anos). Anticorpos IgM foram identificados em 156 indivíduos, abrangendo os estados PA (81,4%), RR (9%), AC (2,6%), RO, (2,6%), AM (1,9%), AP (1,3%) e TO (1,3%), com ocorrência em 32 cidades, sendo observado crescimento de casos a partir do ano de 2013. Esses dados forneceram subsídios sobre o crescimento da febre do Oropouche ao longo dos anos em biomas extra-amazônicos. O grande número de susceptíveis, a ausência de vacinas, kits diagnósticos e tratamentos específicos, bem como a variabilidade clínica da doença e de sinais/sintomas que se assemelham inicialmente aos de outras arboviroses, são fatores que contribuem para o avanço da doença, que não encontra barreiras geográficas. Epidemia de febre do Oropouche é incipiente no país e quiçá nas Américas, haja vista a ampla distribuição do Culicoides nas Américas e o impacto das alterações climáticas na saúde do globo.
Palavras Chave
Saúde Pública; Arbovirus; Orthobunyavirus
Área
Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias
Prêmio Jovem Pesquisador
2.Concorrer na categoria - Mestrado
Autores
Layna de Cássia Campos Cravo, Lidiane de Nazaré Noronha Ferreira Baia, Rafael da Silva Azevedo, Daniele Freitas Henriques, Lívia Carício Martins, Lívia Medeiros Neves Casseb, Jannifer Oliveira Chiang, Raimunda do Socorro da Silva Azevedo