Dados do Trabalho


Título

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE ÓBITOS POR FEBRE MACULOSA BRASILEIRA NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL, ENTRE 2013 A 2023

Introdução

A febre maculosa (FM) é uma definição utilizada no Brasil para se referir a um conjunto de zoonoses causadas por bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas por carrapatos do gênero Amblyomma. Dentre as riquetsioses, a febre maculosa brasileira (FMB), causada por Rickettsia rickettsii, é a mais grave e predominante na região Sudeste do país, apresentando altas taxas de letalidade.

Objetivo (s)

Descrever o perfil epidemiológico dos óbitos confirmados por FMB em área endêmica do Brasil.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo observacional descritivo a partir de informações dos óbitos por FMB notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) com desfecho óbito entre 2013 a 2023, na região Sudeste do Brasil.

Resultados e Conclusão

Foram confirmados 1.473 casos de FM, dos quais 669 evoluíram ao óbito, resultando em uma taxa de letalidade de 45,5% (variando de 51,2% em 2013 a 45,4% em 2023). A maior letalidade foi observada em 2014 com 63%. A maioria dos óbitos ocorreu nos estados de São Paulo (68,5%, n=458) e Minas Gerais (17,8%, n=119). Entre os óbitos confirmados 78,5% (n=525) ocorreram em indivíduos do sexo masculino e a faixa etária predominante foi de 20 a 59 anos (64%, n=424). Quanto aos fatores de risco de infecção, 59,5% (n=298) dos afetados relataram contato com carrapatos, 35,1% (n=235) com cães ou gatos e 23,8% (n=159) com capivaras. Em relação ao ambiente de infecção, 31,8% (n=213) dos casos ocorreram em ambientes de lazer e 29,9% (n=200) em ambientes domiciliares. Houve internação em 94,5% dos óbitos, com uma mediana de 4 dias entre o início dos sintomas e a data de hospitalização. Os principais sinais e sintomas, além de febre (94,5%), mialgia (77,1%) e cefaleia (69,2%), incluíram náusea e vômito (67,3%), prostração (65%), alterações respiratórias (59,2%), choque (50,5%), icterícia (34,8%) e manifestações hemorrágicas (27,8%). Em 95,2% (n=637), os casos foram confirmados por critério laboratorial. A letalidade atribuída à R. rickettsii na região Sudeste é considerada uma das mais elevadas no Brasil e uma das maiores no mundo, potencialmente associada à gravidade relacionada à doença. Este cenário destaca a necessidade do incremento da suspeita precoce e do tratamento precoce e oportuno de casos suspeitos. As características demográficas e fatores de exposição corroboram com outros achados na literatura e reforçam a importância de estratégias de prevenção direcionadas com base nos fatores ecoepidemiológicos da doença, especialmente em áreas de alta incidência.

Palavras Chave

FMB; Epidemiologia; Vigilância em Saúde.

Área

Eixo 17 | 4.Vigilância em saúde - Outras

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

ANA CAROLINA MOTA DE FARIA, RODRIGO NOGUEIRA ANGERAMI, ALVÁRO ADOLFO FACCINI-MARTÍNEZ, MARÍLIA LAVOCAT NUNES, LIDSY XIMENES FONSECA, FRANCISCO EDILSON FERREIRA DE LIMA JUNIOR