Dados do Trabalho

Título

Ecogeografia preditiva de Trypanosoma rangeli no ciclo de transmissão silvestre nos biomas brasileiros

Introdução

Trypanosoma rangeli é um parasita multi-hospedeiro, descrito como sendo transmitido principalmente por triatomíneos do gênero Rhodnius. Estudos sobre T. rangeli são numerosos, mas a ecologia da infecção por T. rangeli é pouco conhecida. Modelagem de Nicho Ecológico permite estimar os fatores abióticos e bióticos da distribuição de espécies no espaço geográfico e ambiental, incluindo a dinâmica parasito/hospedeiro/vetores/ambiente.

Objetivo (s)

Modelar o nicho ecológico da infecção por T. rangeli em hospedeiros mamíferos e vetores e de quatro espécies de triatomíneos do gênero Rhodnius spp. utilizando variáveis bioclimáticas e de paisagem para predizer as áreas de adequabilidade para a distribuição nos biomas brasileiros.

Material e Métodos

Aquisição dos dados da infecção de mamíferos e vetores por T. rangeli foram obtidos da Coleção de Trypanosoma de Mamíferos Silvestres, Domésticos e Vetores e da distribuição dos vetores R. robustus, R. neglectus, R. nasutus e R. pictipes foram obtidos no DataTri, SpeciesLink e Global Biodiversity Information Facility. As variáveis bioclimáticas foram adquiridas no WorldClim e de paisagem no Google Earth Engine na resolução espacial de 1km2. Para a seleção das variáveis, utilizou-se a Correlação de Pearson [-0.7≤α≤0.7]. Os modelos foram gerados por algoritmos de aprendizado de máquina: SVM, Maxnet e Random Forest na plataforma de modelagem ModleR (RStudio) e os mapas temáticos no QGIS. Os modelos foram avaliados pela métrica True Skill Statistic [TSS>0.7].

Resultados e Conclusão

O algoritmo SVM apresentou melhor desempenho em todos os modelos. As regiões com maior adequabilidade para T. rangeli estão dispersas pelo centro-oeste (Pantanal e Cerrado) e sudeste (Mata Atlântica), coincidindo com áreas de adequabilidade de R. neglectus. Na Amazônia, há sobreposição das áreas adequadas para T. rangeli com as de R. robustus e R. pictipes, enquanto na Caatinga há sobreposição com R. nasutus. As áreas com baixa adequabilidade estão localizadas em zonas de transição Caatinga-Cerrado. A variável que mais contribuiu para explicar o modelo de infecção por T. rangeli foi a precipitação (27%). Para os modelos dos vetores, as variáveis mais explicativas foram NDVI+Elevação para R. robustus (31%), NDVI+Elevação+Temperatura+Precipitação para R. neglectus (16%), Temperatura+Precipitação para R. nasutus (23%) e precipitação para R. pictipes (23%). Conclui-se que T. rangeli circula em diferentes cenários ambientais e seus vetores influenciados por características distintas de clima e paisagem.

Palavras Chave

Trypanosoma rangeli; Rhodnius spp.; Modelagem de Nicho Ecológico; Biomas brasileiros