Dados do Trabalho

Título

Avaliação de risco do Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) referente ao cenário global da poliomielite no ano de 2023

Introdução

A poliomielite é uma doença viral altamente infecciosa transmitida de pessoa para pessoa, principalmente pela via fecal-oral e por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. Uma em cada 200 infecções evolui para paralisia irreversível, geralmente nos membros inferiores. Em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a disseminação internacional do poliovírus selvagem uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional e, após 10 anos, o risco de disseminação ainda persiste. O Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional) é responsável por realizar a avaliação de risco de potenciais emergências de saúde pública para o Brasil.

Objetivo (s)

Descrever a avaliação de risco realizada pelo CIEVS Nacional referente ao cenário global da poliomielite em 2023.

Material e Métodos

A avaliação inclui critérios de probabilidade de ocorrência do evento no país e impacto frente à saúde humana, assistência, impacto social e na capacidade de resposta. O risco é avaliado somando-se os pontos atribuídos às perguntas presentes na ferramenta, resultando na classificação de muito baixo a muito alto risco. Utilizou-se os dados disponibilizados pela OMS referentes a 2023.

Resultados e Conclusão

Foram relatados 534 casos de Paralisia Flácida Aguda (PFA) causada por diferentes tipos de poliovírus em 25 países, incluindo o selvagem e derivados da vacina circulante tipos 1 e 2. Esses casos indicam a persistência do vírus em algumas regiões, aumentando o risco de reintrodução em países como o Brasil, que recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. A probabilidade de ocorrência do evento nacionalmente foi classificada como "Muito provável", dada a capacidade de disseminação do vírus e que o Brasil recebe viajantes, refugiados e repatriados provenientes de países em surto pela doença. Além de ser um patógeno alvo de erradicação global, a capacidade de manejo do evento em todos os países afetados não é completamente conhecida. No Brasil, em dezembro de 2023, um indicador da vigilância da PFA esteve abaixo do esperado, onde apenas 68% das amostras para pesquisa de poliovírus estavam adequadas para análise, e as ações de monitoramento de águas residuais para detectar a presença de poliovírus ainda não foram implementadas em âmbito nacional. Estas fragilidades na vigilância podem gerar impacto na capacidade de resposta do Brasil em caso de reintrodução do vírus. Dessa forma, a avaliação do cenário global da poliomielite é classificada como de alto risco para o Brasil.

Palavras Chave

Avaliação de Risco; Emergência em Saúde Pública; Poliomielite.