Dados do Trabalho
Título
A influência da coinfecção pelo vírus DENV e CHIKV na competência vetorial do Aedes aegypti
Introdução
As arboviroses representam um desafio significativo para a saúde pública, em especial no Brasil, que registrou até abril de 2024, 3.336.363 casos confirmados de dengue e 111.529 casos de chikungunya. As fêmeas de Aedes aegypti podem adquirir múltiplas infecções virais ao ingerir dois ou mais vírus em uma única refeição sanguínea (coinfecção), o que aumenta o risco de propagação das doenças, principalmente em regiões onde há a coexistência de múltiplos arbovírus. Diante disso, é necessário a busca de novas estratégias alinhadas a um dos eixos previstos na “Global Arbovirus Initiative" para auxiliar no controle dessas doenças. Estratégias inovadoras que visam melhorar a vigilância, a prevenção e o controle das doenças transmitidas por vetores são fundamentais para saúde pública.
Objetivo (s)
Avaliar a competência vetorial do Aedes aegypti frente à coinfecção por DENV e CHIKV.
Material e Métodos
Esse estudo foi conduzido de acordo com o Manual de Uso de Animais (Portaria 3179) e aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais da Fundação Oswaldo Cruz (parecer LW-3222). Utilizou-se a espécie Ae. Aegypti (cepa Belo Horizonte), mantida rotineiramente no Laboratório de Entomologia Médica (Fiocruz/Minas). Os mosquitos foram experimentalmente monoinfectados e coinfectados com cepas de DENV-1 (KP188540), DENV-2 (KP188569) e CHIKV (MH823668). Após a infecção os mosquitos foram mantidos com solução de glicose à 10% ad libitum e analisados por PCR em tempo real nos 7° e 14° dias pós-infecção (dpi). Além disso, no 14°dpi os mosquitos foram forçados a salivar para avaliar a eficiência da transmissão e a saliva foi quantificada por PCR em tempo real.
Resultados e Conclusão
Ao compararmos a carga viral entre os mosquitos monoinfectados e coinfectados, observamos diferença significativa entre DENV-1 ao 7dpi e DENV-2 aos 7° e 14°dpi. Na análise comparativa dos mosquitos coinfectados, observamos diferença significativa entre a carga viral de DENV-1 e CHIKV aos 7 e 14dpi. Já na análise de DENV-2 e CHIKV só foi observada diferença estatística no 7°dpi. No entanto, quando avaliamos a saliva, a carga viral de CHIKV nos coinfectados foi maior em comparação a DENV-1 e 2. Na coinfecção, os resultados sugerem um efeito neutro entre DENV-1 e CHIKV, enquanto entre CHIKV e DENV-2 o efeito parece ser antagônico. Essa situação pode ter implicações cruciais na epidemiologia das doenças, incluindo a possibilidade de recombinação genética entre os vírus, resultanto em cepas mais virulentas ou capazes de escapar da resposta imune do hospedeiro.
Palavras Chave
competência vetorial; Arbovirus; coinfecção
Área
Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Rêgila Mello Nascimento, Ana Paula Alvim Pereira França Baptista, Thaís Bonifácio Campolina, Paulo Filemon Paolucci Pimenta, Nágila Francinete Costa Secundino