Dados do Trabalho
Título
Panorama das meningites fúngicas no Brasil, 2015 a 2023
Introdução
As infecções fúngicas geralmente são oportunistas atingindo indivíduos imunologicamente debilitados, a exemplo da infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Os agentes predominantes são Candida albicans, Aspergillus fumigatus e Cryptococcus neoformans, causadores de doenças sistêmicas que podem ser fatais, como a meningite fúngica.
Objetivo (s)
O objetivo desse trabalho é apresentar o perfil das meningites fúngicas no Brasil.
Material e Métodos
Estudo descritivo das meningites fúngicas no Brasil, registradas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, com início dos sintomas de 2015 a 2023. Os casos foram avaliados por faixa etária, evolução e presença de comorbidade. Os dados são de domínio público e foram analisados de forma agregada.
Resultados e Conclusão
De 2015 a 2023 foram registrados 5.402 casos de meningite fúngica no Brasil (média anual de 600 casos), cuja letalidade geral foi de 22,0% (1.186 óbitos). O Cryptococcus foi predominante entre os casos, correspondendo a 86,7% (n=4.686); o fungo Candida albicans foi registrado em 1,2% (n=64); e o Aspergillus foi registrado em 0,6% (n=32) dos casos em todo o período. Outros 11,5% (n=620) dos casos foram registrados como infecção por outros fungos. Em 2017 foi registrado o maior número de casos (n=711) e óbitos (n=164). A maioria dos casos ocorreu nas faixas etárias de 30 a 39 anos (27,5%, n=1.487) e de 40 a 49 anos (23,7%, n=1.281), e 63,6% (n=3.437) dos casos foram em pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHIV/AIDS) e maioria da mesma faixa etária. Ao comparar a letalidade em PVHIV/AIDS e indivíduos sem HIV/AIDS observou-se maior letalidade para os indivíduos sem a comorbidade (28,0% vs 18,5%). No entanto, o registro de ‘óbito por outra causa’ apresentou maior proporção entre PVHIV/AIDS (20,8% vs 9,5%). A meningite por infecção fúngica tem alta letalidade e deve ter especial atenção aos indivíduos com comorbidades imunossupressoras. A maioria dos casos foram registrados em PVHIV/AIDS, cujo principal agente infeccioso foi o Cryptococcus, uma das infecções mais comuns nessa população. Os óbitos informados por ‘outra causa’ entre PVHIV/AIDS chama atenção para possível necessidade da qualificação da informação da causa de óbito. Os dados apresentados reforçam a importância de uma investigação dos casos suspeitos de meningite em indivíduos com comordidades com diferencial para meningite fúngica, principalmente por infecção cripotocócica, para instituição de tratamento adequado a fim de reduzir a letalidade da doença.
Palavras Chave
Meningite Fúngica; Micoses; Infecções Fúngicas Invasivas
Área
Eixo 12 | 3.Micoses humanas e veterinárias - Outras
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Caroline Gava, Aline Kelen Vesely Reis, Camilla de Miranda Ribeiro, Camila Cristina Francisquetti, Lucia Helena Berto, Maria Lennilza Simões de Albuquerque, Maria Adelaide Millington, Marcelo Yoshito Wada, Greice Madeleine Ikeda do Carmo, Eder Gatti Fernandes