Dados do Trabalho


Título

COINFECÇÃO ENTRE PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS E PARACOCCIDIOIDES LOBOGEORGII: UM RELATO DE CASO

Objetivos(s)

Descrever um caso atípico de coinfecção entre Paracoccidioides brasiliensis e Paracoccidioides lobogeorgii, no estado do Pará. 

Relato do Caso

Paciente sexo masculino, 78 anos, pardo, natural e procedente do estado do Pará. Trabalhou por mais de 20 anos com extrativismo vegetal, e passava longos períodos em ambiente florestado. Há 35 anos, surgiu a primeira lesão em queloide em membro inferior direito, dorso do pé e tornozelo, de forma assintomática e delimitada. Passados alguns anos as lesões foram crescendo de forma lenta e progressiva, comprometendo os membros inferiores e superiores bilateralmente, dorso, tórax e face. As lesões eram distribuídas de forma assimétrica e sem indícios de regressão espontânea. Procurou por atendimento médico pois apresentava lesões multinodulares com aspecto liso e brilhante, em cor de vinho, acompanhado de prurido e sensação de distenção local. Ademais, apresentava lesões em mucosa nasal e oral. Realizou cirurgias para retirada de nódulos na região da face e braços, e com cerca de 4 anos, obteve recidiva das lesões. Foi realizado cirurgia para exérese de queloide localizado em asa de nariz direita, e então recolhido material de lesão de cavidades nasais e levado para o Instituto Evandro Chagas para análise histopatológica, apresentando na amostra lesão inflamatória crônica com mononucleares e neutrófilos escassos, e em toda extensão de fragmentos evidenciavam estruturas arredondas com membrana birrefrigente e porção central com material acidófilo, com moforlógico de Blastomicetos característicos de P. brasilienses, a técnica utilizada foi a coloração de PAS e Grocott, que se mostrou positiva para fungos. Posteriormente foi realizado exame de micológico direto em fragmento de biópsia, que identificou a presença de células leveduriformes dispostas em cadeias curtas, características de P. lobogeorgii. Iniciou tratamento há 1 ano, com melhora progressiva de lesões.

Conclusão

As micoses endêmicas são infecções fúngicas que necessitam de condições climáticas e ambientais específicas, que favoreçam o crescimento e reprodução dos patógenos. O P. brasiliensis e o P. lobogeorgii são endêmicas da América Latina e possuem características filogenética bastante semelhantes, porém , apresentam diferentes manifestações clínicas e formas de infecção. Vale destacar raridade e complexidade da infecção concomitante desses patógenos, e sua ocorrência em um mesmo hospedeiro apresentam desafios únicos no diagnóstico e manejo clínico deste paciente.

Área

Eixo 12 | 2.Micoses humanas e veterinárias - Micoses profundas

Prêmio Jovem Pesquisador

1.Concorrer na categoria - Graduado

Autores

Max Chaves Mota Junior, Débora Evelyn Ferreira Silva, Maria Clara Coelho Monteiro, Murilo Henrique Sousa e Souza, Izadora Martins Coelho, Daniel Ferancini De La Cruz, Ana Luiza de Assis Miranda, João Vitor Silva, Carmem Glória Palheta Godinho, Andressa Santa Brigida da Silva, Rossela Damasceno Caldeira