Dados do Trabalho


Título

Impacto das Variáveis Ambientais e Antrópicas na Expansão da Leishmaniose Visceral na Bacia do Rio Doce em Cenários de Mudanças Climáticas

Introdução

A leishmaniose visceral (LV) é considerada pela Organização Mundial de Saúde uma das seis endemias de maior relevância no mundo, estando na lista de doenças negligenciadas. Diversos fatores contribuem para a expansão da doença, dentre eles podemos destacar: condições socioeconômicas; processos migratórios; fatores ambientais; desmatamento; imunossupressão por HIV, dentre outros. Além disso, as emissões antropogênicas de gases com efeito estufa e as mudanças climáticas favorecem modificações na distribuição das doenças transmitidas por insetos vetores.

Objetivo (s)

Diante disto, nosso objetivo foi avaliar a influência de variáveis ambientais e antrópicas na expansão da LV, em diferentes cenários de mudanças climáticas.

Material e Métodos

Foram avaliados todos os casos humanos de LV notificados na bacia do rio Doce de 2001 a 2018 (855 casos) juntamente com 19 variáveis bioclimáticas e dez ambientais. A correlação de Spearman e o teste de Jackknife foram aplicados para selecionar as variáveis explicativas. Foi utilizado o Maxent para modelar a distribuição atual e futura por meio do pacote R “kuenm”. Para modelar as projeções futuras, o modelo climático global CNRMCM6-1 foi utilizado, e também dois caminhos socioeconômicos compartilhados (SSP370 e SSP585) em 2021-2040 e 2061-2080.

Resultados e Conclusão

As variáveis que contribuíram para a distribuição do LV foram: humanfootprint (62,6%), isotermalidade (28,1%), precipitação do mês mais chuvoso (6,4%) e temperatura do mês mais quente (3,8%). De acordo com nossos resultados, a LV está se expandindo na bacia do rio Doce e as áreas com maior probabilidade de presença da doença são aquelas com maior pressão antrópica; as localizadas ao longo da drenagem principal do rio Doce e as áreas de maior densidade populacional (centros urbanos). Os cenários de mudanças climáticas futuras mostram que as áreas adequadas para a doença estão aumentando ao longo do tempo. Áreas que atualmente são indenes para a LV apresentam probabilidade de aumentar cerca de 7% entre 2021-2041 (mais 5.980 km2) e cerca de 12% (10,579 km2) entre 2061-2080, além da manutenção da doença nos locais já considerados endêmicos. Nossos resultados demonstram a importância de fatores antrópicos e climáticos na expansão da doença e podem contribuir para impulsionar ações preventivas de vigilância e controle ao longo da bacia do rio Doce. Agradecimento: FAPEMIG, CNPq e UFOP.

Palavras Chave

Leishmaniose Visceral; mudanças climáticas; variáveis climáticas; Modelagem de Nicho Ecológico

Área

Eixo 06 | 2.Protozooses humanas e veterinárias - Leishmaniose

Prêmio Jovem Pesquisador

3.Concorrer na categoria - Doutorado

Autores

Josefa C. L Monteiro, Sérvio Pontes Ribeiro, Rafael Vieira Duarte, Andrés Lira-Noriega, Octavio R Rojas-Soto, Mariângela Carneiro, Alexandre Barbosa Reis, Wendel Coura-Vital