Dados do Trabalho
Título
MODELO DE COMBATE ÀS ENDEMIAS COM USO DE AGROTÓXICOS: DESAFIOS PARA SAÚDE
Introdução
O uso de agrotóxicos no Brasil teve início nas campanhas de saúde para combater vetores e endemias. Com o passar dos anos, o modelo químico se consolidou, sendo empregado amplamente na agricultura e saúde pública, expondo cronicamente o homem e o ambiente. Na Vigilância e controle vetorial, a aplicação de agrotóxicos é realizada por Agentes de Combate às Endemias/Guardas de Endemias (ACE), categoria de trabalhadores afetada de forma aguda e crônica pelos efeitos nocivos dos agrotóxicos.
Objetivo (s)
Identificar os agrotóxicos utilizados pelos ACE do estado do Rio de Janeiro e suas condições de trabalho e saúde.
Material e Métodos
Estudo transversal, descritivo sob a perspectiva da uma Comunidade Ampliada de Pesquisa. Para coleta de dados utilizou-se um questionário online, no período de 08/2020 a 08/2022, com questões relacionadas a caracterização do trabalho, exposição ocupacional e saúde. Para análise dos dados utilizou-se os testes Qui-quadrado e exato de Fisher. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Ensp (CAAE 03323018.4.0000.5240).
Resultados e Conclusão
O estudo obteve 614 respostas válidas. A população foi majoritariamente masculina (68%) com mediana de idade de 54 anos (50-58 anos) e tempo mediano de trabalho de 32 anos (29-33 anos). Os principais agrotóxicos utilizados nos anos de 2020 a 2022 foram: espinosade (35,0%), malationa (21,5%), cipermetrina (17,4%), diflubenzurom (16,8%), piriproxifen (15,0%), novarulon (14,2%), fenitrotiona (9,8%), além do Bti (20,2%). As principais classes empregadas entre 2010 e 2020 foram os organosfosforados (56%) e as benzoilureias (50%). Observou-se o uso de substâncias com potencial carcinogênico, desreguladores endócrinos, metabólicos, neurotóxicos, incluindo alguns proibidos na União Europeia e Estados Unidos. A malationa e o diflubenzurom foram associados com sintomas típicos de intoxicação (p = 0,04; 0,03), respectivamente; 48% sem acesso a EPI e 41% sem treinamento. Em relação às condições de saúde, 75% mencionaram alguma doença diagnosticada, de diversos sistemas mesmo em faixa etárias mais jovens. Conclusão: Para pensar em saúde única e cidades saudáveis é preciso incluir novas práticas para o controle de endemias que não sejam centradas na eliminação de mosquitos e vetores com modelo químico-dependente, mas por ações que articulem saneamento, educação em saúde, ações intersetoriais, participação comunitária, saber dos trabalhadores e políticas protetoras da vida.
Palavras Chave
Controle Vetorial; Vigilância em saúde; Agentes de Endemias; Saúde do Trabalhador; Exposição a agrotóxicos.
Área
Eixo 17 | 4.Vigilância em saúde - Outras
Prêmio Jovem Pesquisador
3.Concorrer na categoria - Doutorado
Autores
Priscila Jeronimo da Silva Rodrigues Vidal, Ana Paula das Neves Silva, Leandro Vargas B. Carvalho, Ana Cristina S. Rosa, Marcus Vinícius C. Santos, Dominique Mattos Marçal, Eline S. Gonçalves, Luciana Gomes, Liliane Reis Teixeira, Ariane Leites Larentis