Dados do Trabalho


Título

APRESENTAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DE PACIENTES COM CHIKUNGUNYA ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE REUMATOLOGIA EM SALVADOR (BA), DE 2019 A 2023

Introdução

A artralgia crônica pós chikungunya (CHIK) pode persistir por anos, impactando a capacidade funcional e demandando assistência especializada. Entretanto, poucos estudos no Brasil descreveram o perfil clínico de pacientes com CHIK assistidos em uma unidade de referência.

Objetivo (s)

Descrever as manifestações clínicas e laboratoriais de pacientes ≥18 anos, com confirmação molecular ou sorológica de CHIK, durante o primeiro atendimento em um ambulatório de reumatologia em Salvador (BA) entre 2019 e 2023.

Material e Métodos

Os participantes responderam questionários para coleta de dados sociodemográficos e clínicos, realizaram exame físico e escalas padronizadas foram aplicadas para avaliar a intensidade da dor (EVA) e incapacidade funcional (HAQ-DI). Amostras de sangue foram coletadas para exames laboratoriais. O trabalho foi aprovado pelo CEP do IGM- Fiocruz.

Resultados e Conclusão

Dos 224 participantes, 78% eram mulheres e a mediana de idade foi 47 (IIQ: 37-57) anos. A mediana de tempo entre o início dos sintomas agudos e a avaliação ambulatorial foi de 264 (IIQ: 64-757) dias; 59% dos pacientes estavam na fase crônica, 39% na subaguda e 2% na aguda. Sobre a fase aguda da doença, os principais sintomas referidos foram artralgia (99%), febre (89%) e cefaleia (85%) e as medicações mais usadas foram analgésicos (77%), corticosteroides (30%) e anti-inflamatórios não esteroidais (20%). Relato de doença reumatológica (23%) e artralgia (37%) prévia foi frequente. Durante o atendimento, 94% referiam artralgia, sobretudo em joelhos (77%), dedos das mãos (75%) e punhos (73%). Também relatavam rigidez matinal (71%), fadiga (69%), mialgia (57%) e parestesia (57%). A média da Escala de Dor foi 7.1 (7.4 nas mulheres e 6.0 nos homens); 62% tinham dor intensa. A mediana do HAQ-DI foi de 1.5 (1.75 nas mulheres e 0.63 nos homens); 37% tinham redução na capacidade funcional leve a moderada e 27% tinham redução intensa a muita intensa. O exame físico articular identificou dor à palpação em 75% dos pacientes (80% nas mulheres e 58% nos homens); em particular nos dedos das mãos (58%), tornozelos (54%) e punhos (38%). Os exames laboratoriais identificaram: VHS ou PCR elevados (57%), fator reumatoide positivo (45%) e fator antinuclear positivo (14%). Conclui-se que a artralgia pós-CHIK pode permanecer por meses a anos com intensidade severa, afetando a capacidade funcional dos pacientes. Tais achados reforçam a necessidade de acompanhamento especializado e reabilitação para esses pacientes.

Palavras Chave

Chikungunya; Atralgia; Atralgia Crônica; Reumatologia

Área

Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias

Prêmio Jovem Pesquisador

1.Concorrer na categoria - Graduado

Autores

Matheus Figueirêdo Falcão, Viviane Machicado Cavalcante, Adriane Paz, Leile Camila Jacob-Nascimento, Rosângela Oliveira Anjos, Lorena Gomes Santos, Moyra Machado Portilho, Cristiane Wanderley Cardoso, Mittermayer Barreto Santiago, Mitermayer Galvão Reis, Guilherme de Sousa Ribeiro