Dados do Trabalho


Título

A epidemiologia da esquistossomose mansoni no Norte de Minas: análise descritiva, temporal e espacial em comunidades rurais do distrito de Brejo do Amparo, Januária

Introdução

O Município de Januária, Norte de Minas Gerais, é historicamente afetado pela esquistossomose mansoni. Dentre seus distritos está Brejo do Amparo, no qual as comunidades rurais de Pé da Serra, Tocantins e Santana ficam às margens do córrego Tocantins, onde já foi relatada uma taxa de positividade de mais de 50% para a esquistossomose e a presença de Biomphalaria glabrata infectado por Schistosoma mansoni no córrego que margeia as residências.

Objetivo (s)

Para identificar mudanças espaço-temporais nessas comunidades, comparamos dados parasitológicos, padrão de contato com água e distribuição espacial dos casos positivos nos anos de 2014 e 2022.

Material e Métodos

Com a aprovação pelo Comitê de Ética (CAAE 21824513.9.0000.5091; CAAE 55239522.3.0000.5149), foram coletadas amostras fecais de indivíduos maiores de dois anos no ano de 2014 e entre seis e setenta anos no ano de 2022. O material foi processado pelos métodos de Kato-Katz e Helmintex. Questionários sobre tipo e frequência de contato com a água foram aplicados e o risco de infecção associado às variáveis foi medido pelo Odds Ratio (OR). Para as análises espaciais, as residências foram georreferenciadas (GPS, GARMIN 64s) e o estimador de densidade de Kernel foi utilizado para identificar potenciais hotspots.

Resultados e Conclusão

Em 2014, foram 257 participantes (53% mulheres, 26% entre 21-40 anos), com uma prevalência de 46% (118/257) para esquistossomose. Já em 2022, dos 265 participantes (52% mulheres, 35% entre 21-40 anos), 69 (26%) estavam infectados por S. mansoni; uma redução de cerca de 43% na taxa de positividade no distrito. Quanto ao questionário, 82% e 65% dos indivíduos tinham contato com a água do córrego em 2014 e 2022, respectivamente. Em 2022, o contato com a água de modo geral (OR 2.11; IC95%: 1.14;4.08) e a atividade de extração de areia (OR 2.11; IC95%: 1.14;4.08) foram fatores de risco significativos para infecção por S. mansoni. Em 2014, 25% dos participantes tinham contato diário com a coleção hídrica, enquanto 60,4% dos positivos tinham contato no mínimo semanal. Quanto às análises espaciais, em ambos períodos foram identificados dois hotspots, em Pé da Serra e Tocantins, com média de casos de 22,4 e 12,1 em 2014 e 2022, respectivamente; residências a <200m do córrego apresentaram maior risco para infecção por S. mansoni (OR 2.86; IC95%: 1.42;6.31). Assim, foi possível verificar que, embora a prevalência tenha reduzido dentro das comunidades rurais, Brejo do Amparo ainda apresenta uma área de risco para infecção por S. mansoni.

Palavras Chave

Esquistossomose; Minas Gerais; Epidemiologia; diagnóstico; Mapeamento de risco.

Área

Eixo 07 | 3.Helmintíases humanas e veterinárias - Esquistossomose

Prêmio Jovem Pesquisador

1.Concorrer na categoria - Graduado

Autores

Bianca Leal de Oliveira, Dharliton Soares Gomes, Nathália Moreira Teodoro de Oliveira, Paulo Ricardo Silva Coelho, Allan Jesus Mendonça Severino, Stefan Michael Geiger