Dados do Trabalho

Título

Perfil socioeconômico e conhecimento prévio de mulheres em idade fértil sobre a doença de Chagas em pesquisa de implementação utilizando testes rápidos de triagem em cinco regiões do Brasil.

Introdução

A doença de Chagas (DC) apresenta elevada morbimortalidade no Brasil, em parte pela existência de barreiras de acesso a diagnóstico e tratamento. O projeto CUIDA Chagas busca reconhecer este contexto de vulnerabilidade visando implementar estratégias para ampliação de acesso em áreas remotas.

Objetivo (s)

Caracterizar o perfil sociodemográfico e conhecimento prévio sobre a DC de mulheres em idade fértil (MIF) triadas a partir do uso de teste rápido (TR) na Atenção Primária à Saúde e em maternidades.

Material e Métodos

Após aprovação ética de OMS, Fiocruz e SES, foram avaliadas MIF de Riachão das Neves (BA), Paraúna (GO), Rosário do Sul (RS), Janaúba (MG) e Igarapé-Miri (PA) entre os meses de julho/2023 a maio/2024, utilizando TR de triagem, considerando o objetivo da pesquisa de implementação do CUIDA Chagas de contribuir para a eliminação da transmissão vertical da DC.

Resultados e Conclusão

Neste período foram triadas 7.064 mulheres nos cinco municípios, a maioria residente no município de Janaúba (42,9%), seguido de Igarapé-Miri (23,2%). Do total, percentual importante reside em área rural (26,9%) e é de raça/cor parda (62,7%). Foram incluídas MIF pertencentes a comunidades quilombolas ou ribeirinhas (6,3%), mulheres com nível médio completo (48,5%), seguido de ensino fundamental incompleto (16,3%). Um percentual de 1,8% (n=121) informou já ter diagnóstico prévio de DC e 26,5% relataram existência de pessoa(s) na família com DC. Quando questionados sobre terem ouvido falar sobre a DC, a maioria informa que sim (86,4%), sendo os menores percentuais reconhecidos no município de Rosário do Sul (60%). Quando questionados sobre modos de transmissão, houve o relato do inseto barbeiro (61,7%); consumo de bebida ou alimentos contaminados (12,6%); da mãe para seu bebê durante a gravidez ou parto (10%); recebimento de sangue contaminado (7,2%); por relação sexual (0,56%); divisão de utensílios como copos e talheres (0,4%) e contato pessoal (0,3%). Os TR têm sido utilizados em todas as unidades de saúde dos municípios do projeto, ampliando acesso ao diagnóstico de MIF em áreas remotas, incluindo mulheres em contexto de vulnerabilidade social. Apesar de conhecerem a existência da DC, grande parte das MIF revelam pouco conhecimento sobre seus modos de transmissão, sobretudo da DC congênita, fato que amplia risco para transmissão e perpetuação da doença. Serviços e ações para educação em saúde sobre DC devem ser priorizados para que medidas de controle da doença sejam tomadas.

Palavras Chave

Doença de Chagas; conhecimento em saúde; Vulnerabilidade; Transmissão vertical; teste rápido diagnóstico.