Dados do Trabalho


Título

Casos confirmados de Febre Oropouche no estado do Amazonas, Brasil, 2023-2024

Introdução

A Febre Oropouche é uma arbovirose causada pelo vírus Oropouche (OROV), identificado pela primeira vez no Brasil na década de 1960 e cujo provável vetor de transmissão no ciclo urbano é o Culicoides paraensis. Identificou-se aumento de casos de Febre Oropouche no estado do Amazonas a partir de dezembro de 2023.

Objetivo (s)

Descrever os casos de Febre Oropouche, seus sinais e sintomas, e compreender seus hábitos e exposições.

Material e Métodos

Realizou-se estudo descritivo do tipo série de casos, com amostra aleatória estratificada proporcional quanto ao município de residência. Casos confirmados foram definidos como indivíduos com resultado detectável para OROV através de RT-qPCR, cadastrados no Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL) do estado do Amazonas até 12/01/2024 e com início de sintomas entre 01/12/2023 e 10/01/2024. Foram realizadas entrevistas fonadas com questionários semiestruturados, e os dados foram analisados através de medidas de frequência absoluta e relativa, tendência central e dispersão. Tratou-se de ação de vigilância em saúde prevista na Lei n°8.080/1990, tendo sido garantidos o sigilo e confidencialidade dos dados, conforme Lei n°13.709/2018.

Resultados e Conclusão

Dentre 584 casos detectados no período, entrevistou-se 138 indivíduos, sendo 80,4% residentes de Manaus e 19,6% de outros municípios amazonenses. O perfil predominante foi homens (50,7%), de 30 a 39 anos (27,5%), raça/cor parda (76,8%) e ensino médio completo (37,0%). Os sintomas mais frequentemente relatados foram febre (97,8%) e cefaleia (92,8%), havendo ainda relatos de hipotensão (8,0%), desorientação (5,8%) e desmaio (3,6%), e recidiva de sintomas por 31,4% dos entrevistados. Viagem anterior próxima ao início de sintomas foi relatada por 16,8% dos entrevistados, com mediana de 3 dias antes (mín. 0 máx. 15), e estada anterior em ambiente silvestre próxima ao início de sintomas por 24,8%, com mediana de 2 dias antes (mín. 0 máx.15). Ainda, 46,7% relataram hábito de frequentar ambientes silvestres, ao passo que 66,4% relataram presença de mata nas proximidades da residência. Os hábitos e exposições observados, bem como as características ambientais, sugerem transmissão domiciliar ou peridomiciliar no próprio município de residência. A identificação de exposições e hábitos dos casos permite o delineamento de estratégias mais precisas para a prevenção e controle da Febre Oropouche no estado e aprimoramento da preparação e resposta a outros surtos.

Palavras Chave

Febre Oropouche; Infecções por arbovírus; Epidemiologia Descritiva

Área

Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Luiza Maria Parise Morales, Italo Vinícius Albuquerque Diniz, Fernanda Sindeaux Camelo, Tatyana Costa Amorim Ramos, Alexsandro Xavier de Melo, Augusto Zany dos Reis, Andressa Gabrielly Oliveira Faria Macedo, Milene de Almeida Viana, Mary Lejara Pará Nunes, Maria Isabella Claudino Haslett, Luciana Nogueira de Almeida Guimarães