Dados do Trabalho

Título

Percepção de Mulheres em Idade Fértil com Doença De Chagas sobre a doença e possibilidade de transmissão vertical

Introdução

A Transmissão Vertical (TV) é hoje uma das formas mais frequentes de novos casos da doença de Chagas (DC) no mundo. No entanto, várias são as barreiras para o desenvolvimento de ações para sua prevenção e controle, incluindo o acesso limitado ao diagnóstico e tratamento de Mulheres em Idade Fértil (MIF), gestantes e recém-nascidos.

Objetivo (s)

Objetivou-se analisar a percepção de MIF com DC em relação à esta doença e à possibilidade de ocorrência da TV.

Material e Métodos

Foi realizado um estudo qualitativo, derivado da pesquisa de implementação do projeto Comunidades Unidas para a Inovação, Desenvolvimento e Atenção para DC (CUIDA Chagas) nos municípios de Riachão das Neves (BA), Paraúna (GO), Rosário do Sul (RS), Janaúba (MG) e Igarapé-Miri (PA), entre 2022 e 2023. Após aprovação do Comitê de ética de OMS, Fiocruz e estados, foram realizadas 22 entrevistas semiestruturadas em MIF com DC, analisadas com auxílio do software MAXQDA. 

Resultados e Conclusão

Todas as MIF definiram a DC como grave ou muito grave, podendo causar a morte, percepção construída a partir de sua própria experiência com a doença, pelo conhecimento de casos graves ou de óbitos, ou pela informação recebida de profissionais de saúde. De forma paradoxal, percebeu-se em regiões mais prevalentes, como Riachão das Neves e Janaúba, uma naturalização da DC por ser algo localmente cotidiano. Algumas MIF destacaram que evitam se preocupar, pois acreditam que a saúde mental pode influenciar o desenvolvimento da doença. Em Igarapé-Miri, as mulheres demonstraram uma preocupação maior com a doença, aqui associada a sintomas extremamente debilitantes da fase aguda. Em Janaúba e Riachão das Neves, algumas mulheres disseram que possuem a DC “apenas no sangue” e se sentem reconfortadas por isso. A percepção sobre a possibilidade de cura variou bastante, sendo as mulheres de Igarapé-Miri as que mais afirmaram que é possível se curar com o tratamento. Apenas seis das 22 MIF entrevistadas fizeram menção à TV, embora poucas tenham testado seus filhos após seu diagnóstico. Em Riachão das Neves, mulheres comentaram ter sido informadas que a possibilidade dessa forma de transmissão seria muito baixa, mas expressaram medo de testar seus filhos. Os resultados demonstram a relevância do aconselhamento de MIF com DC, estimulando o tratamento como estratégia de prevenção da DC congênita, fornecendo apoio e reflexões essenciais sobre o autocuidado e a necessária vigilância de seus filhos como potenciais novos casos tratáveis da doença.

Palavras Chave

Doença de Chagas; Percepção; Pesquisa Qualitativa; Transmissão vertical.