Dados do Trabalho

Título

Análise das Infecções Virais do Sistema Nervoso Central Durante a Pandemia de COVID-19: Um Estudo Transversal

Introdução

As infecções agudas do Sistema Nervoso Central (SNC) representam um desafio significativo para a saúde pública global devido à alta morbidade, sequelas neurológicas e mortalidade. Alguns vírus têm potencial para causar surtos, tornando o diagnóstico diferencial crucial.

Objetivo (s)

 Analisar amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) de pacientes com manifestações neurológicas durante a pandemia de COVID-19.

Material e Métodos

Estudo transversal, descritivo e retrospectivo, realizado de março de 2020 a dezembro de 2022, aprovado pelo Comitê de Ética sob CAAE 50417521.8.0000.0005. A reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR) foi utilizada para investigar vírus no LCR, incluindo o SARS-CoV-2 e dados clinicos epidemiológicos foram resgatados pelo prontuário eletrônico (iDoctor/FMT-HVD) da gerência de bacteriologia.

Resultados e Conclusão

Foram detectados agentes virais em 48/346 amostras de LCR: CMV (9, 18,8%), VZV (8, 16,7%), HSV-1 (5, 10,4%), HSV-2 (5, 10,4%), EBV (11, 22,9%), Dengue (3, 6,3%) e JCV (8, 16,7%). Dos pacientes, 56,3% eram do sexo feminino (n=27) e a idade variou entre 1 mês e 91 anos (mediana = 36,5 anos). Observou-se baixa incidência de tosse seca (13,2%), astenia (26,3%) e dispneia (28,9%), enquanto a febre prevaleceu em 76,3% dos casos. Os principais sintomas neurológicos foram cefaleia (25/42; 59,5%), alteração do estado de alerta (19/42; 45,2%) e convulsões (7/42; 16,7%). Um total de 27 pacientes (56,2%) eram HIV positivos. A carga viral do HIV no LCR foi investigada em 5 amostras, variando de 2.204 a 1.911.930 cópias/mL (mediana = 382.406). Dos 48 pacientes, 12 foram internados e 9 utilizaram dispositivos médicos invasivos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Quanto ao desfecho, 43,8% (14/32) tiveram alta hospitalar, 31,3% (10/32) faleceram e 25% (8/32) necessitaram acompanhamento ambulatorial. Este estudo evidenciou a complexidade e gravidade das infecções virais que afetaram o SNC durante a pandemia de COVID-19. A alta prevalência de febre e sintomas neurológicos como cefaleia e alteração do estado de alerta reforça a necessidade de um diagnóstico diferencial preciso e rápido. A elevada taxa de mortalidade (31,3%) e a necessidade de acompanhamento ambulatorial para 25% dos pacientes indicam a gravidade das manifestações neurológicas associadas a essas infecções. Portanto, este estudo destaca a importância de estratégias de vigilância epidemiológica e intervenções terapêuticas direcionadas para pacientes com infecções virais do SNC, especialmente em contextos de pandemia.

Palavras Chave

Infecções Virais; sistema nervoso central; COVID-19; líquido cefalorraquidiano; Diagnóstico diferencial