Dados do Trabalho

Título

Dengue grave: Avaliação das subpopulações de macrófagos M1 e M2 em lesões pulmonares

Introdução

A dengue é uma doença que possui grande impacto em regiões tropicais e subtropicais do mundo. Até a primeira semana de abril de 2024, o Brasil já contabilizava 1116 óbitos por essa doença nesse ano. Os macrófagos são os principais alvos da infecção pelo vírus da dengue, sendo encontrados em diferentes órgãos, dentre eles o pulmão. Sabe-se que estímulos locais podem levar a ativação de respostas específicas, originando dois subgrupos: os macrófagos M1 e M2. Dada a importância do comprometimento pulmonar em casos de dengue grave, consideramos relevante aprofundar os estudos na resposta in situ nesse órgão.

Objetivo (s)

Verificar a participação de macrófagos de subtipos M1 e M2 na resposta in situ em lesões pulmonares, e verificar as alterações histológicas nesse órgão.

Material e Métodos

Foram utilizadas 20 amostras de lesões pulmonares provenientes de necrópsia diagnosticadas previamente com febre hemorrágica da dengue. Foi realizada a técnica de imuno-histoquímica com anticorpos anti-iNOS, fator de transcrição RBP-J (para a avaliação dos macrófagos M1), e os marcadores CD163, Arginase-1 e fator de transcrição cMAF para identificação dos macrófagos M2. As células imunomarcadas foram quantificadas de forma randomizada em 10 campos no aumento de 400X, considerando-se septo e espaço alveolar. A realização desse trabalho foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Protocolo n° 253/12.

Resultados e Conclusão

A análise histológica dos espécimes evidenciou infiltrado inflamatório mononuclear intenso nos septos alveolares bem como presença de focos hemorrágicos com intenso número de hemácias. Verificou-se que os macrófagos de perfil M2 foram estatisticamente predominantes quando comparados aos de perfil M1. Conclusões: Nossos dados sugerem, portanto, que na dengue humana, nos casos graves que levam o paciente a óbito, uma vez que o DENV se albergue no pulmão, há predomínio de macrófagos do padrão M2, aqui representados pela elevada expressão numérica de células com fenótipo de CD163, Arginase e cMAF. Por outro lado, há menor expressão de iNOS e RBP-J. O predomínio deste perfil, parece favorecer a pior resposta imune frente ao DENV, como consequência tem-se o comprometimento da função pulmonar e óbito.

Palavras Chave

Dengue grave; lesões pulmonares; macrófagos M2 e M1