Dados do Trabalho
Título
Síndromes neurológicas associadas a COVID-19 no Brasil – a coorte NeurocovBR
Introdução
Ao início da pandemia de SARS-CoV-2, questionava-se se síndromes neurológicas (SN) poderiam surgir associadas ao novo vírus. A literatura médica favorecia essa hipótese ao replicar acontecimentos de emergência virais anteriores, indicando risco de potencial aumento de morbimortalidade. Dessa forma, constituímos o grupo NeurocovBR, reunindo 4 centros de referência neurológica de diferentes estados (SP, CE), com o objetivo de caracterizar as manifestações neurológicas emergentes durante a pandemia do SARS-CoV-2 no Brasil. Apresentamos aqui as características clínicas e epidemiológicas encontradas nos pacientes desta coorte.
Objetivo (s)
Caracterizar as manifestações neurológicas emergentes durante a pandemia do SARS-CoV-2 no Brasil do ponto de vista clínico e epidemiológico.
Material e Métodos
De junho/2020 a junho/ 2021, foram incluídos adultos com SN surgidas até 60 dias após a confirmação da infecção pelo SARS-CoV-2. Os dados foram comparados com dados gerais da COVID-19 (DATASUS) e com coorte prévia a pandemia focada em síndrome vascular. Além disso, as duas principais síndromes encontradas foram comparadas entre si. Para a comparação entre grupos utilizamos chi-quadrado para dados categóricos e testes não paramétricos para variáveis contínuas.
Resultados e Conclusão
Foram incluídos 197 pacientes, apresentando síndromes vasculares (81), encefalopatia (68), encefalite (19) e síndrome de Guillain-Barré (13), entre outros. A curva de incidência de neurocovid espelhou a da COVID-19. As SN estavam presentes independente da gravidade da infecção e o tempo médio desde a COVID-19 até o início dos sintomas neurológicos foi de 14 dias, sugerindo um mecanismo imunomediado pós-infeccioso. Os pacientes com neurocovid tiveram 9x mais chance de vir a óbito e 38x mais chances de serem hospitalizados, quando comparados a pacientes com síndrome respiratória. Aqueles que desenvolveram síndromes vasculares tinham 3x mais chances de necessitar de UTI e 6x mais chances de óbito, comparados a pacientes com síndromes vasculares anteriores a pandemia. Nosso estudo corrobora a associação de síndromes neurológicas com a COVID-19. A incidência correlacionou-se com as ondas locais de infecção e os pacientes com neurocovid exibiram uma maior suscetibilidade a desfechos desfavoráveis em comparação com outros pacientes com COVID-19. Entre todas as síndromes neurológicas, as síndromes vasculares foram as mais comuns, e sua gravidade superou a de síndromes vasculares vistas antes da pandemia.
Palavras Chave
COVID-19; Infecções neuroinvasivas; Síndromes pós-infecciosas.
Área
Eixo 09 | COVID-19 humanas e veterinárias
Prêmio Jovem Pesquisador
3.Concorrer na categoria - Doutorado
Autores
Aline de Moura Brasil Matos, Fernanda Martins Maia Carvalho, Francisco Tomaz Meneses de Oliveira, Jose Ernesto Vidal Bermudez, Rodrigo Meireles Massaud, Felipe Von Glehn, Jorge Jorge Casseb, Augusto Cesar Penalva de Oliveira, Camila Malta Romano