Dados do Trabalho


Título

Avaliação de 82 isolados de Fonsecaea spp em sequência de 20 pacientes com cromoblastomicose - identificação molecular e testes de suscetibilidade a antifúngicos

Introdução

A cromoblastomicose é uma micose de implantação e evolução lenta, com distribuição mundial e frequente em países de clima tropical e subtropical, causada por fungos melanizados, considerada Doença Tropical Negligenciada. O Brasil é um dos principais focos da doença, sendo os agentes mais comuns Fonsecaea pedrosoi e Fonsecaea nubica. O tratamento é difícil com recidivas e casos de morbidez. Estudos que acompanham estes pacientes ao longo dos anos com avaliação dos isolados em sequência são raros e podem auxiliar na compreensão desta debilitante doença.

Objetivo (s)

Identificar por sequenciamento Sanger as linhagens isoladas em sequência de pacientes com cromoblastomicose e avaliar a suscetibilidade aos antifúngicos utilizados na prática clínica.

Material e Métodos

Foram selecionadas para o estudo 82 isolados sequencialmente de 20 pacientes atendidos no Hospital das Clínicas - USP entre 1994 e 2019. Os testes de suscetibilidade foram realizados pela microdiluição em caldo para itraconazol, voriconazol, 5-fluorocitosina, terbinafina e anfotericina B, seguindo o protocolo EUCAST. A identificação das espécies foi realizada por sequenciamento Sanger das regiões do ITS do rDNA e β - tubulina.

Resultados e Conclusão

Das 82 linhagens avaliadas, 43 foram identificadas como F.pedrosi oriundas de 11 pacientes, outras 11 foram de F. nubica isoladas de 3 pacientes e 5 de Fonsecaea monophora isoladas de 2 pacientes. Para outros 4 pacientes a identificação dos isolados sequenciais não foi de uma única espécie e variou entre F. pedrosoi e F. nubica, sugerindo que outros alvos devem ser considerados para sequenciamento para confirmação ou não de co-infecção por diferentes espécies, fato este possível, devido ao modo de aquisição da doença, ainda não documentado. Para o itraconazol, a concentração inibitória mínima variou de 0.03 a 0.5 μg/mL sem diferença entre as espécies e não foram observados aumento das CIMs para os isolados sequenciais colhidos durante o tratamento com este antifúngico, com exceção de isolados de F. monophora de 1 paciente em que o MIC aumentou de 0.03 para 0.5 μg/mL em amostras colhidas no intervalo de 2 meses. Apesar dos altos valores de CIMs observados para anfotericina e 5-FC, não houve aumento da concentração para os isolados sequenciais. A identificação da espécie é importante para conhecimento epidemiológico e, também para o monitoramento em casos F. monophora, pois há relatos de infecção cerebral por esta espécie e testes de suscetibilidade podem indicar isolados com tendência a resistência.

Palavras Chave

Cromoblastomicose; Fonsecaea; itraconazol; susceptibilidade a antifúngicos; Doenças Tropicais Negligenciadas; melanizados

Área

Eixo 12 | 3.Micoses humanas e veterinárias - Outras

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Tânia Sueli Andrade, Viviane Mazo Fávero Gimenes, Elizabeth Harummy Takagi, Nicolas Vieira Guerra Castilho, Ricardo Spina Nunes, Paulo Ricardo Criado, Marcia Souza Carvalho Melhem, Walter Belda Júnior