Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇÃO DE METABÓLITOS DE AGROTÓXICOS E ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS, IMUNOTÓXICAS E GENOTÓXICAS EM AGENTES DE ENDEMIAS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ) EXPOSTOS NO PROCESSO DE TRABALHO
Introdução
Os Agentes de Combates às Endemias ou Guardas de Endemias (ACE) desempenham um papel central nas estratégias de saúde pública por meio de atividades para combate de vetores causadores de doenças endêmicas, como dengue, zika e malária, centrado no uso de agrotóxicos, alguns deles neurotóxicos, cancerígenos e que já são banidos em outros países. O impacto do uso dessas substâncias pode causar efeitos agudos e crônicos, incluindo alterações hematológicas, imunológicas e genotóxicas, que contribuem para o número de mortes precoces desses trabalhadores, que chegam a 40 óbitos por ano em uma população de cerca de 6000 ACE (servidores federais do Ministério da Saúde atuando no RJ) com idade média de 55 anos.
Objetivo (s)
Avaliar as alterações descritas na literatura causadas pela exposição a agrotóxicos no processo de trabalho de ACE do Ministério da Saúde que atuam no RJ.
Material e Métodos
Estudo epidemiológico transversal envolvendo 127 ACE expostos ocupacionalmente a agrotóxicos e 67 trabalhadores sem exposição ocupacional. Amostras de sangue dos participantes foram coletadas para análises de resíduos de agrotóxicos, hematológicas, imunológicas e genotóxicas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Ensp/Fiocruz (sob no 03323018.4.0000.5240).
Resultados e Conclusão
Entre os ACE, foi observado que 52% apresentam resíduos dos organoclorados DDT e 12% de HCH; além disso, 11% apresentam alterações hematológicas. A cultura de células mononucleadas de sangue periférico apresentou uma diminuição significativa na porcentagem de células nos grupos expostos em comparação com os trabalhadores sem exposição ocupacional. A dosagem de óxido nítrico demonstrou uma menor produção nos ACE quando comparada com o grupo sem exposição. Ao serem avaliados os possíveis danos no material genético, foi observada maior frequência de micronúcleos e brotos nucleares nos ACE. Com os questionários foi visto que 75% dos trabalhadores expostos apresentaram sintomas de intoxicação após manipulação de agrotóxicos, 31% não receberam treinamento quanto à utilização/perigos dessas substâncias e 73% apresentaram agravamento/surgimento de problemas de saúde associados à atividade profissional. Conclusão: Os dados indicam a necessidade de acompanhamento contínuo desses trabalhadores e ações de vigilância em saúde. Além disso, o processo de trabalho dos ACE deve ser revisto pois apresentam nocividade demonstrados pelas alterações hematológicas, imunológicas e genotóxicas observadas no estudo.
Palavras Chave
Exposição a agrotóxicos; Saúde do Trabalhador; Toxicidade; Genotoxicidade; Imunotoxicidade; Resíduos de agrotóxicos
Área
Eixo 17 | 4.Vigilância em saúde - Outras
Prêmio Jovem Pesquisador
3.Concorrer na categoria - Doutorado
Autores
Ana Paula N. Silva, Thayna Santos , Carolina Dias , Victoria Lyra , Priscila J. S. R. Vidal, Yngrid Cabral , Katia Poça , Ariane L. Larentis, Ana Cristina S. Rosa, Landi Veivi , Márcia Sarpa