Dados do Trabalho
Título
Tuberculose e Vulnerabilidade Social: Um Estudo Transversal da População em Situação de Rua no município de São Paulo (2015-2023)
Introdução
O Brasil é o país com o maior número de casos notificados de tuberculose (TB) nas Américas. Em 2023, aproximadamente 80 mil pessoas adoeceram por TB no país, segundo informações do Ministério da Saúde. A doença é um desafio para a saúde pública nacional dado que a sua relevância epidemiológica está relacionada a questões socioeconômicas, influenciadas principalmente por fatores sociais. Nesse sentido, em relação às pessoas em situação de rua (PSR), a TB se mostra ainda mais grave, dado que esses indivíduos, por estarem constantemente expostos a diferentes condições de vulnerabilidade, apresentam cerca de 54 vezes mais chances de serem acometidos pela doença.
Objetivo (s)
Este estudo tem como objetivo apresentar o perfil sociodemográfico e epidemiológico de PSR notificadas para TB entre 2015 e 2023 na cidade de São Paulo e analisar as relações entre as variáveis analisadas e os desfechos para TB.
Material e Métodos
Trata-se de um estudo transversal realizado com dados secundários das notificações de TB em PSR provenientes do DataSUS entre os anos de 2015 e 2023. Foi realizada uma análise descritiva com associação das variáveis selecionadas e os desfechos para TB, com teste qui-quadrado e regressão logística multinomial.
Resultados e Conclusão
Foram analisados 7229 casos notificados durante o período. Dentre esses casos, o perfil predominante das PSR com TB são homens (86,3%), pardos (43%) e de faixa etária entre 30-49 anos (61%). No período analisado, houve um crescimento do número de casos notificados de 41%. Além disso, o desfecho mais frequente foi a cura (34,8%), seguido por abandono (33,6%), abandono primário (9,6%) e óbito (8,24%). Outros desfechos totalizaram 994 casos (13,76%). A análise bivariada mostrou que a faixa etária entre 20-39 anos (OR 3.01, IC95% 2.7-3.3), uso de drogas ilícitas (OR 1.61, IC95% 1.4-1.7), HIV positivo (OR 1.35, IC95% 1.2 - 1,5) foram associados com uma maior chance de abandono do tratamento. Contrário a isso, a faixa etária a partir de 40 anos foi associada com menor frequência de abandono do tratamento (OR 0.77, IC95% 0.70-0.85), especialmente observada acima dos 60 anos (OR 0.51, IC95% 0.37-0.68). Apesar de a cura ser o desfecho mais frequente, foi obtida em apenas um terço dos casos, sendo que uso de drogas, comorbidades e idade mais jovem foram associados com maiores taxas de abandono ao tratamento. O risco de saúde em que essa população está inserida escancara a necessidade de investimentos em ações preventivas e educativas visando promover cuidado integralizado a esse grupo social vulnerável.
Palavras Chave
Tuberculose; Vulnerabilidade social; Pessoas em situação de rua
Área
Eixo 13 | Tuberculose e outras Microbactérias humanas e veterinárias
Prêmio Jovem Pesquisador
1.Concorrer na categoria - Graduado
Autores
Ananda Ingrid Gonçalves, Evelin Centenaro Franzon, João Pedro Aragão Pereira, Artur Queiroz Maia, Fábio Benedetti Rodrigues