Dados do Trabalho
Título
Persistência de anticorpos IgM contra o vírus chikungunya de acordo com a evolução clínica: um estudo de coorte de base comunitária
Introdução
Apesar de relatos da persistência de anticorpos IgM contra o vírus chikungunya (CHIKV), não há investigações sistemáticas de longo prazo para quantificar a frequência de ocorrência nas suas diferentes formas clínicas. Este conhecimento é crítico para a correta interpretação desta sorologia em locais onde houve surtos da doença.
Objetivo (s)
Este estudo analisou a frequência e determinantes para a positividade no IgM anti-CHIKV após 720 dias pós-infecção (DPI), com foco na sua relação com o padrão de evolução clínica.
Material e Métodos
Entre set-dez/2019, um estudo de coorte em Salvador-BA incluiu 606 participantes com idade ≥6 meses e os seguiu até 2022 por soroinquéritos anuais e vigilância ativa quinzenal para identificar sintomas da doença. Participantes com soroconversão de IgM (Inbios) ou IgG (Euroimmun) anti-CHIKV entre os inquéritos de 2019 e 2020 foram classificados como casos incidentes de infecção. A presença de IgM neste subgrupo foi analisada nos inquéritos de 2021 e 2022. A partir das entrevistas quinzenais e anuais, os casos foram classificados em assintomáticos vs. sintomáticos (sem ou com relato de febre ou artralgia), e com vs. sem cronificação da artralgia (duração da artralgia maior ou menor que 90 dias). Os intervalos de tempo entre data de início dos sintomas (ou a data mais provável, atribuída pela mediana das datas de início dos sintomas dos casos com esta informação) e a data do seguimento foram usadas para calcular o tempo de persistência do IgM anti-CHIKV.O estudo foi aprovado no CEP da Fiocruz-BA.
Resultados e Conclusão
Entre 2019-2020, tiveram infecção incidente pelo CHIKV, 227 (50%) dos 456 participantes soronegativos em 2019 e com seguimento em 2020. Destes, 185 (81%) foram acompanhados nos inquéritos seguintes. Dos 185 casos de infecção, 30 (16%) foram assintomáticos, 111 (60%) sintomáticos não crônicos e 44 (24%) sintomáticos crônicos. A positividade no IgM foi 15% em amostras coletadas até 10 DPI; 69% entre 11-89 DPI; 66% entre 90-179 DPI; 53% entre 180-359 DPI; 37% entre 360-539 DPI; 21% entre 540-720 DPI e 31% com >720 DPI. A positividade após 720 DPI foi 27%, 32% e 33% para os assintomáticos, sintomáticos crônicos e não crônicos, respectivamente (P=0,83); 34% nas mulheres e 28% nos homens (P=0,40); e 29% nos <15 anos, 34% naqueles com 15-29 anos e 31% nos ≥30 anos (P=0,89). Os resultados demonstram que o uso do IgM anti-CHIKV em regiões em que houve surtos da doença deve ser criterioso, pois um resultado positivo pode indicar infecção aguda ou infecção prévia.
Palavras Chave
Chikungunya; Persistência IgM; Coorte.
Área
Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias
Prêmio Jovem Pesquisador
3.Concorrer na categoria - Doutorado
Autores
Rosangela Oliveira dos Anjos, Leile Camila Jacob-Nascimento, Alan José A. Figueiredo Júnior, Rafaelli P Santos, Isadora L Mesquita, Bianca M Santana, Moisés S Sousa, Patrícia S S Moreira, Moyra M Portilho, Mitermayer G Reis, Guilherme S Ribeiro