Dados do Trabalho


Título

Perfil clínico-epidemiológico dos casos com M. leprae resistentes aos antimicrobianos no Brasil no período de outubro de 2018 a setembro de 2022.

Introdução

O Brasil é considerando um país com elevada carga da hanseníase, e quando comparado a outros países tem o segundo maior número de casos novos e o maior em casos de recidiva. Recentes publicações relataram pacientes de áreas endêmicas infectados com M. leprae resistente a antimicrobianos (RAM) evidenciando 5% de resistência à rifampicina e 2% de resistência a multidrogas (RAM). A real magnitude da RAM na hanseníase é pouco conhecida e não se sabe o quanto afeta a manutenção da carga da doença, principalmente nos países endêmicos. 

Objetivo (s)

Caracterizar o perfil clínico-epidemiológico dos casos de RAM em hanseníase no Brasil no período de outubro de 2018 a setembro de 2022.

Material e Métodos

Estudo observacional descritivo dos casos de RAM em hanseníase notificados no período de outubro de 2018 a setembro de 2022. A fonte utilizada foi o banco de dados da vigilância da RAM para hanseníase, constante no Sistema de Investigação da Resistência Antimicrobiana na Hanseníase (SIRH). Foram excluídos pacientes sem resultado laboratorial no sistema de informação da vigilância.

Resultados e Conclusão

No período do estudo houve 2.522 notificações de casos de hanseníase com investigação para RAM e 2.463 (97,6%) foram inseridos por apresentarem resultados laboratoriais. Dez casos apresentaram mutações que conferem resistência para rifampicina, 24 para dapsona e 31 para quinolona. 630 (25,6%) foram classificados como casos novos multibacilares, 660 (26,8%) como casos de recidiva e 1.173 (47,6%) casos suspeitos de falência terapêutica. A Região Sudeste foi responsável por 1.084 (44,0%) casos de hanseníase com investigação sobre RAM no período descrito, seguida da Região Norte, que investigou 447 casos (18,1%). Na análise das metas de investigação recomendadas pelo MS, o percentual do País apresentou valores muito abaixo daquelas preconizadas, tendo investigado 0,9% dos casos. Nos casos resistentes, houve predomínio do sexo masculino (40;65,6%), da faixa etária com 60 anos ou mais (21;34,4%), da forma clínica dimorfa (31;50,8%) e do tratamento com PQT-U MB (45;73,8%). Os casos de hanseníase associados à RAM foram diagnosticados em 15 UFs, com maior número de diagnóstico em três deles: São Paulo, Mato Grosso e Paraná. A resistência isolada à quinolona foi a mais frequentemente observada sobretudo nos últimos dois anos, seguida pela resistência isolada à dapsona e à rifampicina. Um dos maiores desafios da rede de vigilância é ampliar o número de amostras rastreadas para melhor compreensão e subsidiar ações de controle da doença no País.

Palavras Chave

Hanseníase; Vigilância em Saúde Pública; vigilância laboratorial; Resistência antimicrobiana; sequenciamento genético

Área

Eixo 11 | 3.Outras infecções por bactérias, humanas e veterinárias - Hanseníase

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Alexandre Casimiro de Macedo, Elaine Silva Nascimento Andrade, Marcela de Carvalho Campos, Patrícia Pereira Lima Barbosa, Daniele dos Santos Lages, George Jo Bezerra Sousa, Margarida Cristiana Napoleão Rocha