Dados do Trabalho
Título
Desafios no tratamento da paracoccidioidomicose. Estudo de follow-up de pacientes atendidos em hospital de referência em Mato Grosso do Sul.
Introdução
Os medicamentos para paracoccidioidomicose (PCM) são eficazes, disponíveis no SUS, de uso oral e com poucos efeitos adversos. Ainda assim, casos com evolução desfavorável são observados. Estudos de follow-up na PCM são raros, mas importantes para aprimoramento de seu manejo clínico.
Objetivo (s)
Avaliar os desfechos clínicos de pacientes com PCM atendidos em um hospital de referência.
Material e Métodos
Pacientes com PCM atendidos no Hospital Universitário da UFMS, de jan/2000 a dez/2021 eram elegíveis. Os desfechos estudados foram: cura clínica (desaparecimento dos sinais e sintomas), cura sorológica (reação de imunodifusão negativa), completude do tratamento, cura aparente (sem recaídas após dois anos do fim do tratamento), sequelas e óbitos. As variáveis contínuas foram apresentadas como mediana, 1o e 3o quartis. O estudo foi aprovado no comitê de ética da UFMS.
Resultados e Conclusão
Foram incluídos 313 pacientes, com as seguintes características: idade de 50 [IQR 43-57] anos, homens (94,9%), lavradores (88,1%), residentes no interior do Estado (58,6%), com a forma crônica (92,7%) de moderada gravidade (57,2%). A maioria, 228 (72,8%), iniciou o tratamento com trimetoprim/sulfametoxazol; e 72 (23,0%), com itraconazol. O tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico foi de 5,1 [IQR 2,9-11,5] meses. Duzentos e quatro (65,2%) alcançaram a cura clínica, 8 (2,5%) morreram e 101 (32,3%) perderam o seguimento antes da cura clínica. O tempo para cura clínica foi de 7,9 [IQR 4,5-18,4] meses. Apenas 130 (41,5%) completaram o tratamento antifúngico e o tempo de uso foi de 25,5 [IQR 23,5-34,1] meses. O critério de cura sorológica foi usado para o término do antifúngico em 57 (43,1%) deles, o tempo para alcançá-la foi de 17 [IQR 8,3-28,3] meses. Dos 130 que finalizaram o tratamento, 75 (57,7%) seguiram até a cura aparente, e, desses, 9 (12,0%) retornaram com recaída. O tempo de seguimento foi de 3,3 [IQR 1,3 – 7,9] anos. Sequela foi registrada em 121 (59,3%) dos 204 que atingiram a cura clínica, a fibrose pulmonar (44,6%) foi a mais frequente. Houve registro de 7 óbitos por sequelas da PCM. Esse estudo prospectivo de vida real concluiu que os principais desafios no enfrentamento da PCM são: i) reduzir o tempo entre o início dos sintomas e o início do tratamento, oferecendo suporte diagnóstico adequado; ii) aumentar a adesão ao tratamento, oferecendo uma rede de apoio social; iii) aprimorar o tratamento das sequelas, por sua elevada incidência e indução de óbitos.
Palavras Chave
paracoccidioidomicose; desfechos clínicos; tratamento; adesão ao tratamento
Área
Eixo 12 | 2.Micoses humanas e veterinárias - Micoses profundas
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Evelin Jaqueline Lima Santos, Daniele Moreira Santana, Vinícius Lopes Teodoro Félix, Matheus Lopes Teodoro Felix, Adriana de Oliveira França, Ana Paula da Costa Marques, Antonio Luiz Dal Bello Gasparoto, Sandra Maria do Valle Leone Oliveira, Eliana da Costa Alvarenga Brito, Rinaldo Poncio Mendes, Anamaria Mello Miranda Paniago