Dados do Trabalho

Título

IMPACTO DO USO DA AUTÓPSIA MINIMAMENTE INVASIVA PARA AMPLIAÇÃO DA SENSIBILIDADE DO SISTEMA DE INVESTIGACAO DE ÓBITOS SUSPEITOS POR ARBOVIROSES NO CEARÁ, BRASIL

Introdução

as arboviroses permanecem como grave problema de saúde pública no Brasil, com aumento do número de óbitos a cada ano. Até junho de 2024 já foram notificados mais de 5 mil óbitos só por dengue no Brasil. Entretanto, há uma limitada capacidade de investigação desses óbitos, mesmo em locais com a disponibilidade de Serviços de Verificação de Óbitos, em virtude da rejeição das famílias ao procedimento. 

Objetivo (s)

avaliar o potencial de uso da Autopsia Minimamente Invasiva (AMI) para vigilância de óbitos suspeitos por arboviroses no estado do Ceará. 

Material e Métodos

Inicialmente, dois patologistas do SVO foram treinados como multiplicadores na Plataforma de Imagem em Sala de Autópsia (PISA), na Universidade de São Paulo (USP). Posteriormente sete outros foram treinados no próprio SVO. Os nove médicos patologistas fizeram aprimoramento na técnica dentro do Serviço de Verificação de Óbito Dr Rocha Furtado durante a 1ª Oficina Internacional Sobre Autópsia Minimamente Invasiva (AMI) viabilizada pela parceria entre a Universidade de São Paulo e a Universidade de Barcelona. Essa oficina teve como produto a elaboração de um fluxo para a implantação da AMI no SVO do Ceará. 

Resultados e Conclusão

um fluxo para realização da autópsia minimamente invasiva em óbitos suspeitos de arboviroses foi estabelecido. Foram definidos critérios para a coleta, identificação, armazenamento e transporte das amostras até o laboratório, segundo a metodologia de diagnóstico a ser utilizada. Num período de três meses, 43 corpos foram submetidos a AMI no SVO. Destes, 21 (48,8%) foram encaminhados com hipótese diagnóstica de alguma arbovirose e, em sete (16,3%) o diagnóstico foi confirmado (seis de chikungunya; um de dengue). Além desses óbitos também foi possível colher material biológico e viabilizar a confirmação de nove casos de Covid-19, cinco de tuberculose, quatro de meningite, um de criptococose, um de doença de Creutzfeldt-Jakob e um caso de raiva humana. O protocolo implantado no SVO permitiu a captação de um maior número de óbitos suspeitos por arboviroses, além da confirmação de outras patologias de interesse da vigilância epidemiológica. A técnica parece ser promissora para ser utilizada nos casos em que a autopsia convencional não é permitida pela família ou não há serviço de verificação de óbitos disponível.

Palavras Chave

Autópsias; Autopsia minimamente invasiva; Arboviroses; Serviço de Verificação de Óbitos; leishmaniose