Dados do Trabalho


Título

Emergência de Cinco Casos de Raiva em Antas (Tapirus terrestris) no Estado de São Paulo nos anos de 2023 e 2024

Objetivos(s)

Relatar a ocorrência de cinco casos de raiva em antas (Tapirus terrestris) no estado de São Paulo entre 2023 e 2024.

Relato do Caso

Este estudo relata cinco casos de raiva em antas (Tapirus terrestris) no estado de São Paulo entre 2023 e 2024. Cada animal exibiu sintomas neurológicos típicos da forma paralítica da doença, como dificuldade de movimento, fraqueza muscular, paralisia flácida e óbito. Os incidentes ocorreram em distintas localidades do estado, indicando a propagação do vírus. O primeiro incidente foi documentado em fevereiro de 2023, em São Roque, onde uma anta foi encontrada em terreno privado. O segundo caso, em março de 2023, envolveu um espécime resgatado pelo CRAS Núcleo da Floresta, em São Miguel Arcanjo. O terceiro surgiu em maio de 2023, numa trilha do Parque Estadual da Serra do Mar, em Cunha. O quarto, em junho de 2023, envolveu uma anta atropelada e recolhida pela Polícia Ambiental em Novo Horizonte. O quinto e mais recente caso, em maio de 2024, também foi de um animal assistido pelo CRAS Núcleo da Floresta, mas em Tapiraí. A confirmação da raiva nos animais veio através da análise de amostras de tecido cerebral, utilizando a técnica de imunofluorescência direta. Com exceção do último caso, que ainda está sendo analisado, o sequenciamento genético identificou um tipo de vírus da raiva similar ao encontrado em morcegos hematófagos (Desmodus rotundus) nos casos anteriores. 

Conclusão

Casos de raiva em antas são raríssimos na literatura, o que torna a emergência desses cinco casos em um intervalo tão curto um fato de grande relevância. Esses eventos ressaltam a necessidade de vigilância e controle da raiva em fauna silvestre, particularmente nas antas, dada a sua vulnerabilidade à infecção e por serem classificadas como uma espécie ameaçada de extinção. A distribuição geográfica dos casos aponta para a necessidade de medidas preventivas e de controle, como a vacinação de animais domésticos (de produção e de companhia) e a implementação de protocolos de biossegurança para minimizar o contato com a vida selvagem. Ademais, a identificação da variante viral associada aos morcegos hematófagos sinaliza a presença deste agente infeccioso nas áreas afetadas, sendo fundamental o monitoramento e controle da raiva nesses reservatórios. A compreensão dos fatores que contribuíram para esses surtos em antas é complexa e demanda investigações futuras.  

Área

Eixo 14 | Zoonoses e Saúde Única

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Ênio Mori, Solymar Ardito Nunes, Paulo Eduardo Brandão, Adriana Maria Lopes Vieira, Maria do Carmo Custódio de Souza Hunold Lara, Gisely Toledo Barone, Juliana Amorin Conselheiro, Karen Miyuki Asano, Keila Iamamoto, Bárbara Antonieta Ribeiro Pilão, Rafael Mana