Dados do Trabalho
Título
A epidemia era de dengue, mas os casos foram de febre amarela
Objetivos(s)
Em 2024, além da maior epidemia de dengue já reportada no Brasil, surtos de chikungunya, a expansão do Oropouche, a recente reemergência de febre amarela reforçam para importância de um sistema de vigilância estruturado para arboviroses urbanas e silvestres em todo território nacional. Nesse contexto, o objetivo dos autores é descrever 2 casos suspeitos de dengue grave mas confirmados para febre amarela durante epidemia de dengue no estado de São Paulo.
Relato do Caso
Caso 1: masculino, 28 anos, procedente de Serra Negra/SP, com história de 10 dias de febre, mialgia, cefaleia, artralgia, plaquetopenia (Plaquetas=66.000), otorragia, convulsões, icterícia (BT=7,6) e hepatite aguda (AST=3389; ALT=2296; Alb=2,5; RNI=1,97), encaminhado por hipótese de dengue grave. Residente e trabalhador em área rural, vacinado contra febre amarela (2017), sem relato de epizootias conhecidas. Evoluiu com melhora clínico-laboratorial e alta no 10º dia de internação. Amostra colhida no 10º dia de sintomas com RT-PCR detectável para febre amarela e indetectável para dengue; IgM reagente para febre amarela e não reagente para dengue. Caso 2: masculino, 50 anos, procedente de Águas de Lindóia/SP e atividades ocupacionais em Monte Sião/MG, encaminhado a serviço de referência com história de 5 dias de febre mialgia, vômitos, dor abdominal, trombocitopenia (Plaquetas=38.000), hematêmese, icterícia (BT=9,97), insuficiência renal (U=115; Cr=2,84) e hipótese de dengue grave com hepatite fulminante (AST=11811; ALT=3218; Alb=2,1; RNI=1,68). Evolui com disfunção de múltiplos órgãos e óbito com 7 horas de internação. Encaminhado para Serviço de Verificação de Óbitos. Residente em área urbana (SP) e trabalhador em área rural (MG), sem histórico de vacinação contra febre amarela, sem relato de epizootias conhecidas. Amostra colhida no 7º dia de sintomas com RT-PCR detectável para febre amarela e indetectável para dengue; IgM reagente para febre amarela e não reagente para dengue
Conclusão
A detecção e investigação qualificada dos casos reportados de febre amarela em pacientes com suspeita prévia de dengue grave durante epidemia de dengue apontam para a importância, no contexto das arboviroses, da adoção de estratégias distintas de vigilância, incluindo a vigilância sindrômica, vigilância epidemiológica de base hospitalar, vigilância de óbitos e o acesso a rede laboratórios de referência em saúde pública estruturada para investigação laboratorial qualificada e ampliada para outros arbovirus circulantes.
Área
Eixo 17 | 1.Vigilância em saúde - Emergências em Saúde Pública
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Lucas de Noronha Lima, Mariani de Lima Garcia, Julia Domingues Gatti, Pedro Augusto Simão Vasconcellos, Elisa Donalísio Teixeira Mendes, Amanda Tereza Ferreira, Michele de Freitas Neves Silva, Thaís Cristina Faria Pacheco, Francisco Hideo Aoki Hideo Aoki, Mariângela Ribeiro Resende, Rodrigo Nogueira Angerami