Dados do Trabalho
Título
EVIDÊNCIA SEROLÓGICA DE ORTHOHANTAVIRUS DE SEOUL EM FAVELAS URBANAS E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS
Introdução
O Seoul Orthohantavirus (SEOV) é um patógeno zoonótico transmitido pela inalação de aerossois com partículas virais provenientes de excreta de ratazanas infectadas (Rattus norvegicus). Anualmente, ele causa cerca de 30.000 casos humanos globalmente, com 90% dos registros na Ásia. Apesar da distribuição mundial das ratazanas, poucos estudos caracterizaram a prevalência e os fatores de risco associados ao SEOV, especialmente em comunidades urbanas vulnerabilizadas, onde as áreas de vida de ratazanas e humanos se sobrepõem.
Objetivo (s)
Analisar se ratazanas e humanos de comunidades vulnerabilizadas estão expostos a SEOV e explorar quais fatores de risco estão associados à exposição.
Material e Métodos
Coletamos amostras de soro de humanos e de roedores em quatro comunidades em Salvador, Brasil. Para cada indivíduo analisado coletamos dados ambientais e socioeconômicas como sexo, idade, visitas do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), proximidade de lixo e esgoto, indícios de infestação, presença de entulhos e materiais de construção. Usamos ELISA para detectar anticorpos IgG anti-SEOV. Utilizando R, adotamos uma seleção de modelos para identificar os modelos que melhor explicam a exposição. Modelos com ΔAIC <2 foram considerados plausíveis. O modelo selecionado foi o mais simples e com menor ΔAIC. Todas as etapas foram aprovadas nos comitês de ética de pesquisa humana e de uso animal.
Resultados e Conclusão
Detectamos evidência sorológica de SEOV em 32% dos roedores (36/110) e 14% dos humanos (93/646). Para ratazanas, o melhor modelo selecionado que explicou a exposição por SEOV incluiu o peso em gramas do animal (aOR 1,01 CI 1.00 - 1.02) e presença de materiais de construção (aOR 4.01 cI 1,21 - 15,69). Em humanos, o melhor modelo selecionado incluiu idade (aOR 0.55, CI= 0.32 - 0.95), ausência de coleta de lixo (aOR 0.97, CI 0.96 - 0.99) e trabalhar como pedreiro (aOR 2.38 CI (0.83 - 6.07). Nossos resultados indicam que SEOV está circulando consistentemente em comunidades urbanas vulnerabilizadas. Ambientes de construção podem ser fatores de sobreposição entre ratos humanos e SEOV. Esses ambientes podem estar favorecendo a aerossolização de particulas virais contribuindo para a dinâmica da infecção. Ações de saúde pública voltada para o manejo ambiental e redução de riscos ocupacionais são essenciais para mitigar a disseminação do vírus. Agradecimento aos financiadores: Medical Research Council, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia, Fundação de Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Palavras Chave
Seoul vírus; ecoepidemiologia; humanos; ratos; trópicos
Área
Eixo 10 | 3.Outras viroses humanas e veterinárias - Viroses emergentes e reemergentes
Prêmio Jovem Pesquisador
2.Concorrer na categoria - Mestrado
Autores
Ana Maria Borges da Paixão Barreto, Fábio Neves Souza, Hernán Argibay, Caio Graco Zeppelini, Bárbara Inês Arcanjo Xavier, Diogo César Carvalho Santiago, Luciana Helena Bassan Vicente de Mattos, Jorlan Fernandes, Renata Carvalho de Oliveira, Federico Costa