Dados do Trabalho

Título

Dificuldades no manejo dos envenenamentos ofídicos: Um caso de acidente elapídico no Amazonas.

Objetivos(s)

Descrever um caso de acidente elapídico no Amazonas com desafios encontrados pela equipe de saúde para o manejo clínico e administração do antiveneno.

Relato do Caso

Homem, 21 anos, procedente de São Gabriel da Cachoeira/AM, que no dia 17/11/2023, durante recreação com amigos em região de igarapé do referido município, há cerca de 50km de sua residência, foi picado em seu MIE. Após 5 minutos do ocorrido, sentiu dor local, parestesia e posteriormente paresia em seu membro que se estendia até região inguinal, dificultando a deambulação e na ocasião teve lipotimia. Foi atendido pelo hospital de Guarnição do município cerca de duas horas e meia após o acidente e ainda em estado de lipotimia, foi administrado neostigmina e 6 frascos-ampola de soro antibotrópico-laquético, pois suspeitaram se tratar de serpente dos gêneros Bothrops ou Lachesis, devido maior frequência epidemiológica na região. O paciente evoluiu para um quadro de reação adversa ao antiveneno, apresentando sinais de hipotensão, bradicardia e estridor laríngeo com reversão após administração adrenalina. Posteriormente, o paciente saiu do quadro de lipotimia e conseguiu esclarecer que a serpente que o picou se assemelhava a uma cobra-coral. Diante da nova informação, da não melhora do quadro de envenenamento e da falta de estoque de antiveneno elapídico na unidade de procedência, o paciente foi transferido para a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado em Manaus/AM. Na admissão, foi identificado ainda sinais de veneno ativo com astenia e “perna pesada”, com indicação de antiveneno e recebeu 10 frascos-ampola de soro antielapídico. Apresentou melhora do quadro clínico, e no dia 21/11/2023, quatro dias após o acidente, recebeu alta da unidade.

Conclusão

Envenenamentos elapídicos não são frequentes no estado do Amazonas e por isso podem ser mais difíceis para a identificação e manejo pelos profissionais de saúde. A formação do profissional de saúde ainda possui uma lacuna para o manejo dos envenenamentos por animais peçonhentos e a distância dos municípios do interior para a capital do estado, como ocorre no Amazonas, podem dificultar o acesso a treinamentos e atualizações.