Dados do Trabalho
Título
Síndromes neurológicas como complicação de dengue. Experiência de serviço de epidemiologia hospitalar durante epidemia de dengue em 2024
Introdução
A dengue é uma dentre as arboviroses com potencial de acometimento multissistêmico, incluindo síndromes neurológicas (meningite, encefalite, mielite, polirradiculopatias, neurite óptica) causadas primariamente pela ação direta do vírus ou secundárias a distúrbios metabólicos ou a fenômenos imunes. Nesse contexto, em epidemias de dengue, é fundamental o tanto o reconhecimento dos sintomas de gravidade da dengue quanto a identificação de casos de síndromes neurológicas potencialmente associadas aos arbovírus.
Objetivo (s)
Caracterização clínica, epidemiológica e laboratorial de casos compatíveis com síndrome neurológica potencialmente associados à dengue e atendidos em hospital de referência durante cenário epidêmico.
Material e Métodos
Estudo descritivo de série de casos suspeitos de dengue com manifestações neurológicas detectados por busca ativa e notificados pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica de um hospital universitário do estado de São Paulo. Foram selecionados casos notificados por síndrome neurológica associada a arbovírus (SNAA) no período de janeiro a maio de 2024 e analisadas variáveis clínicas (manifestações neurológicas), sociodemográficas, laboratoriais, radiológicas e evolutivas.
Resultados e Conclusão
Resultados: No período estudado foram notificados 22 casos, dos quais 6 descartados. Dos 16 casos confirmados, 13 eram do sexo feminino e a mediana de faixa etária 46 anos (mín. 21 anos - máx. 77 anos), que atendiam ao critério de definição para SNAA, dentre os quais: 6 encefalites, 1 meningite, 5 síndromes de Guillain-Barré, 3 neurites ópticas, 1 convulsões. 13 casos foram confirmados para dengue por critério laboratorial (02 PCR/liquor, tecido; 6 IgM+/líquor; 3 IgM+/soro; 5 NS1+/soro). Alterações quimiocitológicas do liquor existiram em 8 pacientes. 14 pacientes foram avaliados por CT (3 com alterações), 8 por RNM (6 com alterações) e 1 por eletroneuromiografia (com alterações). O tempo entre o início dos sintomas e as alterações neurológicas variou de 1 a 42 dias (mediana: 4 dias). 15 casos evoluíram para cura (9 com sequelas; 6 com resolução do quadro) e 1 para óbito. Conclusão: Manifestações neurológicas podem ser observadas em pacientes com dengue em diferentes momentos da evolução da doença impondo estratégias distintas de investigação. A qualificação de profissionais da saúde e do sistema de vigilância para o reconhecimento precoce e notificação oportuna de complicações neurológicas relacionadas à dengue demonstra os desafios para a vigilância das síndromes neurológicas por arbovírus em geral.
Palavras Chave
dengue; síndromes neurológicas; vigilância epidemiológica.
Área
Eixo 17 | 1.Vigilância em saúde - Emergências em Saúde Pública
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Michele de Freitas Neves Silva, Nanci Michele Saita Santos, Amanda Tereza Ferreira, Mariani de Lima Garcia, Matheus Oliveira Póvoa, Lucas de Noronha Lima, Marcia Teixeira Garcia, Thais Cristina Faria Pacheco, Mariângela Ribeiro Resende, Rodrigo Nogueira Angerami