Dados do Trabalho

Título

Avaliação da carga parasitária na face interna e externa da borda e centro de lesões cutâneas ulceradas de Leishmaniose cutânea

Introdução

As leishmanioses constituem um grupo de doenças infecciosas de transmissão vetorial, causadas por protozoários do gênero Leishmania que acometem o ser humano e os animais. No Brasil, a leishmaniose cutânea (LC) é uma doença com registro de casos e de vetores em todo território nacional. A distribuição dos parasitos na lesão não é uniforme, e segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde, o local de eleição para a coleta de material para o diagnóstico da LC, é a borda da lesão cutânea ulcerada, pois supõe-se que essa localização contenha uma maior quantidade de parasitos. Entretanto, alguns estudos têm observado através do exame direto e da PCR quantitativa (qPCR) uma maior quantidade de parasitos na região interna da lesão quando comparado à região externa da mesma. Portanto, determinar a região da lesão com maior densidade parasitária e consequentemente o local mais apropriado para a coleta do espécime clínico, pode definir o sucesso do diagnóstico laboratorial.

Objetivo (s)

Este trabalho tem como objetivo investigar a presença e a carga parasitária de Leishmania em diferentes regiões da lesão cutânea ulcerada. Para tal, foram coletadas amostras da face interna (FI) e face externa (FE) da borda, e do centro da lesão cutânea ulcerada, de pacientes com suspeita de leishmaniose cutânea atendidos no ambulatório de leishmanioses/Vigileish/INI.

Material e Métodos

Os fragmentos foram acondicionados em RNA later e a extração do DNA foi realizada seguindo o protocolo do Trizol®. A carga parasitária foi determinada pela qPCR direcionada para o kDNA de Leishmania e normalizada pelo gene endógeno humano βactina. Foram coletadas amostras de 40 pacientes e o resultado clínico foi considerado o padrão de referência neste estudo.

Resultados e Conclusão

Vinte e cinco pacientes foram diagnosticados com LC e na quantificação absoluta foi observada maior carga parasitária em FI (P=0,004) e centro (P=0,007) em relação à FE.  A região FI teve uma maior carga parasitária em relação ao centro, mas não houve diferença significativa. A partir dos resultados desse estudo, espera-se determinar o local mais adequado para coleta de material para o diagnóstico da LC. O conhecimento aqui gerado terá impacto rápido e direto para um importante agravo de saúde pública podendo contribuir com novas diretrizes nacionais para a rotina diagnóstica da LC. Os resultados obtidos até o momento sugerem que amostras coletadas de FI e centro da lesão de lesões cutâneas ulceradas são as mais adequadas para a utilização no diagnóstico molecular. 

Palavras Chave

Leishmania; leishmaniose cutânea; carga parasitária; diagnóstico; PCR quantitativa