Dados do Trabalho

Título

Tinea capitis psoriasiforme por Microsporum canis: atípica

Objetivos(s)

Relatar um caso de Tinea capitis psoriasiforme por Microsporum canis atípica.

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, 66 anos, procurou atendimento no ambulatório de dermatologia com queixa de feridas pruriginosas no couro cabeludo, que apareceram  há cerca de 10 meses. Relata estar em uso prolongado de prednisona para tratamento de artrite reumatoide, sinvastatina para dislipidemia e nesina para diabetes mellitus tipo 2, havia sido tratada inúmeras vezes de psoríase ou dermatite seborreica, exame apresentava áreas de alopecia difusa, não tonsurante, em placas eritematosas e descamativas, de aspecto psoriasiforme, principalmente na região temporal direita. A dermatoscopia identificou a presença de numerosas pústulas e raros pêlos em forma de saca-rolhas. Exame com lâmpada de Wood na área de alopecia mostrou fluorescência azul esverdeada. Realizado exame micológico direto das lesões, com identificação de fungos dermatófitos colonizando os cabelos do paciente (colonização ecto-endotrix) .Exame micológico cultural revelou colônia filamentosa branca, com reverso amarelado, sugerindo tratar-se de Microsporum canis. Na microcultura, além de hifas hialinas septadas, detectada a presença de numerosas hifas de paredes espessas, identificados macroconídios fusiformes, compatíveis com M. canis. Para identificação molecular foi realizada extração de DNA e sequenciamento genético da região ITS, com confirmação de M. canis por meio de buscas da ferramenta básica de busca de alinhamento local (BLAST) do GenBank. O paciente  foi tratado com  terbinafina, via oral, 250 mg/dia por 3 meses com melhora completa das lesões.

Conclusão

a Tinea capitis é mais comum em crianças do que em adultos e o principal agente etiológico é o fungo Microsporum canis. A imunossupressão é um fator de risco para dermatofitose. Existem três formas principais de tinea capitis.. Em adultos, a tinea capitis é mais comum em mulheres idosas. Nesta população, a apresentação clínica costuma ser atípica e variável, podendo simular outras doenças dermatológicas como dermatite seborreica, psoríase, dermatite de contato ou foliculite bacteriana. No nosso caso, o paciente não apresentou achados típicos de nenhuma das três principais formas de tinea capitis. Esta apresentação atípica destaca a importância do diagnóstico diferencial, especialmente em populações que normalmente não são afetadas por esta dermatofitose.