Dados do Trabalho

Título

AUMENTO DA RESISTÊNCIA BACTERIANA DURANTE A PANDEMIA DE SAR-COV-2 EM UMA CIDADE DA REGIÃO DA CAMPANHA GAÚCHA

Introdução

Em dezembro de 2019, autoridades de Saúde Pública chinesas relataram um surto de pneumonia na cidade de Wuhan. Posteriormente,  pesquisadores chineses identificaram como agente causador um novo β-coronavírus, denominado SARS-CoV-2, cuja doença provocada ficou conhecida como coronavírus 2019 (COVID-19). Diversas terapias foram testadas e empiricamente prescritas, dentre elas a administração de antibacterianos.

Objetivo (s)

Este estudo objetivou analisar o impacto da pandemia da Covid-19 como evento potencializador no aumento de resistência bacteriana em ambiente hospitalar.

Material e Métodos

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Pampa - protocolo número 66752623.9.0000.5323. O levantamento dos dados foi realizado por meio da análise de resultados dos exames microbiológicos e do perfil de sensibilidade aos antibióticos através de relatórios gerados no sistema eletrônico de gestão laboratorial (Madya) em um laboratório de análises clínicas que atende a dois hospitais na cidade de Bagé-RS. A amostra foi constituída por resultados dos exames bacteriológicos obtidos em ambos os hospitais no período pré-pandêmico (março 2018 a fevereiro 2020) e pandêmico (março 2020 a março 2022).

Resultados e Conclusão

Foram processadas 2.673 culturas no período pré-pandêmico, das quais 23,2% foram positivas. Já no período pandêmico foram processadas 1.881 culturas, das quais 17,7% apresentaram positividade. Observou-se a redução de solicitações de exames de cultura bacteriana e, consequentemente, diminuição de resultados de culturas positivas no período pandêmico. Podendo estar relacionado a preocupação com co-infecções bacterianas em pacientes com COVID-19, resultando na prescrição empírica de antimicrobianos, acarretando no aumento do consumo de antibacterianos. A análise de risco destacou a ameaça de resistência aos antimicrobianos com aumento notável tanto no número de antibióticos quanto na quantidade de bactérias com potencial para desenvolver resistência no período pandêmico. O gênero Acinetobacter demonstrou um risco 19 vezes maior de adquirir resistência frente à imipenem. Sendo assim, a pandemia da COVID-19 aumentou o risco dos micro-organismos desenvolverem mecanismos de resistência aos antibióticos, constituindo um grande desafio para a saúde pública.  

Palavras Chave

COVID-19; Antibacterianos; Resistência bacteriana; Hospital.