Dados do Trabalho


Título

Mansonelose entre os ticunas: uma revisita após 40 anos

Introdução

A mansonelose é uma das parasitoses mais negligenciadas. Na Amazônia brasileira há duas espécies circulando, Mansonella ozzardi e Mansonella perstans. Na região os insetos envolvidos na transmissão são da família Simullidae. O registro de mansonelose no alto rio Solimões foi produzido há mais 40 anos, e naquele período a prevalência das infecções era de até 47%. Até o momento não há políticas de vigilância e controle para esta parasitose, o que torna necessário a produção de novas investigações na área para a compreensão do perfil clínico-epidemiológico.

Objetivo (s)

Detectar Mansonella spp. e avaliar a prevalência de infecções de mansonelose na região do Alto Rio Solimões.

Material e Métodos

A amostragem foi obtida por conveniência. Foram coletadas amostras sanguíneas dos moradores das comunidades de Belém do Solimões, Campo Alegre, Feijoal, Nova Canaã e Umariaçú. Foram utilizados dois métodos para detecção de filárias, microscopia óptica e diagnóstico molecular (Nested-PCR). Amostras positivas por Nested foram enviadas para sequenciamento pelo método de Sanger. Foi calculado o percentual de infecção para cada período e se padronizou o percentual de infecção pelo tamanho da população de 2023.

Resultados e Conclusão

Moraes em 1978 examinou 800 pessoas no Alto rio Solimões, e em nosso estudo em 2023 foram examinadas 282 pessoas, todas pertencentes à etnia indígena Ticuna. Em ambos estudos, foram confirmados por microscopia ótica, a presença de M. ozzardi, sendo 45,7% em 1978 e 12,8% em 2023. As localidades que apresentaram redução no percentual de infecção por M. ozzardi, quando comparado com o observado por Moraes, foram Vendaval (54,7%), seguido de Campo Alegre (51,19%) e Umariaçú (8,4%); e as localidades que apresentaram aumento foram Belém de Solimões com 125,6% e Feijoal com 112,2%. Por Nested-PCR foram obtidas 28,1% de amostras positivas do estudo realizado em 2023. As localidades que apresentaram maiores percentuais de infecção foram, Belém do Solimões com 51,6%, Nova Canaã 33,3%, Feijoal 25,9% e Campo Alegre 23,5%. As demais apresentaram, Vendaval com 9,1% e Umariaçú 5,56%. As amostras sequenciadas revelaram que todas foram positivas para a espécie M. ozzardi. O estudo revelou que a região do alto rio Solimões, onde vive a maior parcela da população indígena do país, continua sendo área de alta endemicidade para infecções por M. ozzardi. A falta de políticas de controle e tratamento para esta parasitose pode ter contribuído para a manutenção dos focos de transmissão no local. 

Palavras Chave

Doenças Negligenciadas; filariose; Mansonella ozzardi; Amazônia; Ticuna

Área

Eixo 07 | 6.Helmintíases humanas e veterinárias - Outras

Prêmio Jovem Pesquisador

2.Concorrer na categoria - Mestrado

Autores

Laura Kelly Teixeira Veras, José Joaquín Carvajal-Cortés, Pedro Zanata Lima dos Santos, Kelly Natalia Romero-Vesga, Juan Camilo Grisales-Nieto, José Miguel Rubio-Muñoz, Nelson Lima Luz, Francisco Augusto da Silva Ferreira, Alessandra Ferreira Dales Nava, Sérgio Luiz Bessa Luz