Dados do Trabalho
Título
Infecções Sexualmente Transmissíveis em Homens que Utilizam Profilaxia Pré-Exposição: Incidência, Tipos e Aspectos Sociocomportamentais de Risco Associados.
Introdução
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é eficaz para prevenir a infecção pelo HIV e está sendo cada vez mais utilizada no Brasil. Entretanto, seus usuários apresentam contínua vulnerabilidade à aquisição de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a sífilis, clamídia, gonorreia e hepatites virais. Nesse contexto, há necessidade de se verificar esta incidência e os fatores de risco associados, visando tomadas de ações preventivas e a implementação de políticas públicas estratégicas, especialmente no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Objetivo (s)
Investigar a incidência de ISTs em homens sob PrEP, identificar quais foram as mais frequentes e associá-las à aspectos sociocomportamentais de risco.
Material e Métodos
Neste estudo observacional de coorte retrospectiva, amostra de conveniência, foram incluídos 161 adultos do sexo masculino, usuários de PrEP e que estão em acompanhamento em um Serviço de Infectologia de Botucatu. Foram verificados prontuários eletrônicos de 02/2019 a 02/2024, e para análise estatística, foram feitas tabelas de associação e ajustes em modelo de Poisson (p<0,05). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu.
Resultados e Conclusão
O tempo médio de uso de PrEP pelos participantes foi de 13,1 (±14,2) meses. Eles tinham idade média de 33,7 anos (±8,7) e a grande maioria (n=135, 89,4%) pertencia à categoria de homens que fazem sexo com homens (HSH). Entre os incluídos, 51,5% (n=83) não tiveram nenhuma IST neste período. A quantidade média de ISTs adquiridas por cada participante ao longo do uso da PrEP foi de 1,0 (±1,3), sendo que 17,4% (n=28) deles tiveram 1 IST, 23,6% (n=38) tiveram 2-3 ISTs, e 7,4% (n=12) foram diagnosticados com mais 4. A IST mais frequente foi a sífilis (n=37, 23%), seguida de uretrites (n=24, 17,4%, sendo 6 diagnósticos de clamídia, 3 de gonorreia e demais casos em que não houve investigação do agente etiológico). Ademais, 3 pessoas apresentaram HPV (1,7%) e 2, herpes genital (1,2%). ISTs prévias ao início da PrEP foram relatadas por 64 homens (39,7%). Por fim, houve associação entre o tempo de uso de PrEP e a maior incidência de ISTs (p=0,0019), o que não aconteceu com as outras variáveis analisadas. Estes resultados reforçam a necessidade de adoção de medidas assertivas de prevenção combinada e tratamento das ISTs nos ambulatórios de PrEP, sendo que esta abordagem deve ser adotada já no acolhimento inicial desta população.
Palavras Chave
Infecções sexualmente transmissíveis; ISTs; PrEP; Homens
Área
Eixo 16 | Infecções relacionadas à assistência à saúde
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Victória Beatriz Camilo, Vitoria Brito Lopes, Juliana Olsen Rodrigues, Alexandre Naime Barbosa, Lenice do Rosário de Souza, Karen Ingrid Tasca