Dados do Trabalho


Título

Impacto da pandemia de Covid-19 nas práticas de assistência ao parto e nascimento no Brasil

Introdução

A pandemia de COVID-19 desencadeou uma sobrecarga dos sistemas de saúde em todo o mundo, incluindo a atenção obstétrica e neonatal. Dessa maneira, precisou-se reorganizar os processos de trabalho, de modo a promover uma assistência segura às gestantes e puérperas, aos recém-nascidos e aos próprios profissionais de saúde. Por isso, foi necessário avaliar esse cenário, de modo a evidenciar que a infecção por SARS-CoV-2 não deve impedir a realização dos cuidados recomendados.   

Objetivo (s)

Analisar os efeitos da pandemia na assistência ao parto e nascimento, comparando os resultados de dois inquéritos (um aplicado antes da pandemia e o outro durante a pandemia) em hospitais públicos de Belo Horizonte - Minas Gerais (MG), Brasil.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico, aninhado em uma coorte, realizado a partir de dados do estudo “Parto e aleitamento materno em filhos de mães infectadas pelo SARS-CoV-2”, com puérperas e seus filhos nascidos em três maternidades de referência na assistência materno-infantil em uma metrópole do sudeste do Brasil, nos meses de maio, junho e julho, período com significativa incidência de COVID-19 em 2020. Esses dados foram comparados com os de outro estudo, realizado nas mesmas maternidades, com desenho longitudinal,  intitulado “Nascer em Belo Horizonte: Pesquisa de Parto e Nascimento”, realizado de 2011 a 2013. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob Parecer n. CAAE: 32378920.6.1001.5149).

Resultados e Conclusão

A amostra foi de 1.532 parturientes elegíveis. Comparando-se os resultados entre as pesquisas realizadas antes e durante a pandemia, houve aumento estatisticamente significativo nas práticas recomendadas, como: oferecimento da dieta (48,90 para 98,65%), oferecimento de métodos não farmacológicos para alívio da dor (43,84 para 67,57%), administração de analgesia (14,38 a 29,47%) e amamentação na primeira hora de vida do recém-nascido (60,31 a 77,98%). Houve redução significativa nas intervenções não recomendadas, como uso indevido de infusão de ocitocina (45,55 para 28,07%), amniotomia (30,81 para 15,08%), manobra de Kristeller (15,73 para 0,94%), posição de litotomia durante parto (71,23 a 6,54%) e uso rotineiro de episiotomia (15,73 a 2,09%). Os resultados deste estudo mostram que políticas públicas bem implementadas e instituições bem geridas podem mudar o cenário da assistência ao parto e nascimento no Brasil e mundialmente.  

Palavras Chave

Pandemia; COVID-19; Assistência ao parto; Parto; Saúde Pública.

Área

Eixo 09 | COVID-19 humanas e veterinárias

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Paula Luciana Gonçalves Pereira, Carolina Machado Moreira, Gabriela Muniz Vidigal Santos, Ana Clara Fernandes, Thales Philipe Rodrigues Silva, Mariana Santos Felisbino-Mendes, Luana Caroline Santos, Mery Natali Silva Abreu, Fabiana Ramos Menezes, Eunice Francisca Martins, Fernanda Penido Matozinhos