Dados do Trabalho
Título
Distribuições espaciais e tendências temporais da doença de Chagas no Brasil entre 2013 e 2022.
Introdução
A doença de Chagas (DC) é uma protozoose endêmica causada pelo Trypanosoma cruzi, transmitida principalmente pelo contato com fezes e/ou urina de triatomíneos hematófagos. Devido à alta morbimortalidade da DC, é crucial entender seu panorama epidemiológico no Brasil para orientar estratégias eficazes de prevenção e controle.
Objetivo (s)
Avaliar a evolução temporal e espacial da DC no Brasil entre 2013 e 2022.
Material e Métodos
Foi realizado um estudo ecológico, de série temporal, com dados do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) e do Painel de Monitoramento da Mortalidade CID-10, entre os anos de 2013 a 2022. As variáveis analisadas incluíram sexo, raça/cor, faixa etária, local e modos de infecção. As tendências temporais foram avaliadas por meio de modelos de regressão linear segmentada utilizando o software Joinpoint 5.0.2, com os resultados expressos como APC (Variação Percentual Anual) e AAPC (Variação Percentual Anual Média).
Resultados e Conclusão
Entre 2013 e 2022, foram confirmados 3.030 casos de DC aguda. Os grupos mais afetados foram homens (53,9%), pardos (81,7%) e indivíduos entre 20-39 anos (34,4%). A maioria das infecções ocorreu em domicílios (62,5%), sendo a via oral a principal via de transmissão (82,3%). A taxa de incidência média no período foi de 0,14 casos/100 mil habitantes. Em 2018, houve um pico de incidência, com 0,18 casos/100 mil. A análise temporal indicou um aumento, com uma tendência temporal crescente (AAPC 5,17). A região Norte teve as maiores taxas de incidência, variando de 0,85 a 2,11 casos/100 mil, também com tendência crescente (AAPC 6,23). O Pará se destacou com 3,79 casos/100 mil e tendência temporal crescente (AAPC 3,76). Em termos de mortalidade, a região Centro-Oeste registrou o maior coeficiente geral de mortalidade (CGM) por DC no país, com 4,93 óbitos/100 mil e uma tendência temporal decrescente (AAPC -11,91%). O estado de Goiás teve 8,16 óbitos/100 mil na mesma tendência decrescente da região (AAPC -12,42). A tendência temporal de mortalidade no Brasil mostrou um ponto de mudança (joinpoints): de 2013 a 2016, houve um declínio (APC -2,97%), seguido por um declínio mais acentuado de 2016 a 2022 (APC -10,38%).Portanto, homens, pessoas de 20 a 39 anos e pardos são os mais afetados, com infecções domiciliares e por via oral. Dados mostram aumento da incidência de DC no Brasil, especialmente no Pará, e alta mortalidade no Centro-Oeste. Assim, são necessárias ações intersetoriais para interromper a transmissão em áreas endêmicas e reduzir seus impactos.
Palavras Chave
Doença de Chagas; Epidemiologia; Saúde Pública; Brasil.
Área
Eixo 06 | 1.Protozooses humanas e veterinárias - Doença de Chagas
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Lorena Ferreira de Azevedo Melo, João Victor Andrade Pimentel, Luise Oliveira Ribeiro da Silva, Marcelo Antônio Silva Menezes, Daniel Carvalho Gomes, Ana Beatriz Fonseca Barreto, José Jailson Santos Rodrigues , Vinícius Torquato Alves Alexandre, Victor Santana Santos