Dados do Trabalho
Título
Risco de introdução do vírus Oropouche em Salvador-Ba, 2024.
Introdução
Nas Américas, surtos do vírus Oropouche (OROV) ocorreram na região amazônica nos últimos dez anos em zonas rurais e urbanas, atingindo indivíduos de ambos os sexos, sem diferença de idades. Em março de 2024, a Bahia registrou os primeiros casos infectados por OROV, contabilizando mais de 490 casos sendo 2 óbitos em investigação em 36 municípios até o final de maio. Neste mesmo período, Salvador investigou 14 casos confirmados da doença. Oropouche é uma arbovirose causada pelo OROV do gênero Orthobunyavirus e a principal forma de transmissão urbana ocorre através dos mosquitos Culicoides paraenses e Culex quinquefasciatus. Os pacientes apresentam febre, cefaleia com fotofobia, mialgia intensa, artralgia e, em alguns casos, exantema. O principal diagnóstico diferencial são as arboviroses urbanas (Zika, Dengue e Chikungunya). Sendo uma arbovirose pouco conhecida no meio urbano, estimar o risco de introdução do OROV em capitais é um importante desafio para a saúde pública.
Objetivo (s)
Descrever casos de Oropouche de residentes em Salvador e classificar a situação de risco.
Material e Métodos
Estudo descritivo de casos (OROV) residentes de Salvador de abril e maio 2024 e realização de classificação considerando 8 variáveis em matriz de risco pré-estabelecida, considerando: 1) epidemia em curso na Bahia 2) presença de população susceptível a infecção 3) inexistência de vacina 4) dificuldade diagnóstica 5) circulação de outros arbovírus 6) número de habitantes 7) fluxo de pessoas para municípios com circulação viral e 8) presença do vetor.
Resultados e Conclusão
Dos 14 casos investigados, 10 foram reclassificados como não residentes de Salvador e 4 confirmados como residentes do município. Todos os residentes (N=4) viajaram para Teolândia, Bahia antes de adoecer e três eram da mesma família. Dentre os casos, 50% do sexo masculino e mediana de idade de 43 (min-máx 36-48) anos. Todos relataram febre, cefaleia, mialgia e artralgia e foram confirmados laboratorialmente pela técnica de RT-PCR. Não houve óbitos. Salvador foi classificado como alto risco para o Oropouche. A proximidade das festas juninas potencializaram a variável fluxo de pessoas. Até o momento, não existem casos autóctones de Oropouche registrados em Salvador. No entanto, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Salvador evidencia alto risco de introdução do OROV na capital. Os profissionais de saúde de Salvador devem se manter vigilantes e alertas, notificar os casos suspeitos, realizar coleta e enviar amostras biológicas ao LACEN-BA.
Palavras Chave
Oropouche; Vigilância; investigação; surto; risco
Área
Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Marcela Almeida Muhana, Ênio Silva Soares, Rosildete Silva Santos Pires, Lázaro José Rodrigues de Souza, Mariana Leal de Souza Mercês, Andréa Salvador de Almeida, Cristiane Wanderley Cardoso