Dados do Trabalho

Título

SURTO DE SARS-CoV-2 EM FAMÍLIA MULTIESPÉCIE EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL

Objetivos(s)

A transmissão do SARS-CoV-2 de humanos para cães e gatos já foi demonstrada em todo o mundo, inclusive no Brasil. Neste estudo, relatamos um surto de SARS-CoV-2 em uma família multiespécie em Campo Grande-MS no ano de 2021, que participaram como voluntários do projeto de pesquisa multicêntrico Pet-COVID-19 Study.

Relato do Caso

A família era composta por um casal de médicos-veterinários, recentemente infectados pelo SARS-CoV-2 e em fase de isolamento, e mais 30 animais. A esposa tinha 32 anos e o esposo 29 anos, não tinham filhos e trabalhavam juntos na mesma clínica veterinária. Ambos relataram não saber onde foram infectados, porém realizavam todas as medidas de prevenção vigentes à época, como quarentena, o uso de máscara e higienização constante das mãos. Apresentaram sintomas leves de COVID-19 e, em 10 de julho de 2021 receberam o diagnóstico molecular positivo para SARS-CoV-2. Não tinham comorbidades e evoluíram para cura. Residiam em uma casa térrea, com quatro cômodos e quintal semi-calçado. Os animais eram quatro cães, três gatos, 20 calopsitas, um esquilo-da-Mongólia, um coelho e uma chinchila. Cães e gatos tinham livre acesso ao interior da residência e ao quintal e, eventualmente, à clínica veterinária onde os tutores trabalhavam. Em 13 e 28 de julho de 2021 foram coletadas amostras de swab orofaríngeo e retal para diagnóstico molecular de SARS-CoV-2 de todos os cães e gatos, além do coelho e da chinchila, totalizando nove animais. Destes, um cão, dois gatos, coelho e chinchila eram assintomáticos e foram negativos em ambas as coletas. Três cães foram positivos, todos em tratamento para leishmaniose visceral canina, machos, não castrados, com idades entre 4 e 8 anos de idade e apresentaram sinais respiratórios. Um gato foi positivo para SARS-CoV-2, e era macho, castrado, 1 ano de idade e sem comorbidades e apresentava tosse e hiporexia.

Conclusão

Recomenda-se que pessoas com COVID-19 realizem o isolamento, inclusive de seus pets. O contato próximo e íntimo entre pessoas e seus cães e gatos pode favorecer a transmissão de SARS-CoV-2 entre pessoas e animais, colaborando com possíveis eventos de spillover e perpetuação da transmissão viral. A presença de comorbidades, como nos cães deste relato, e de receptores celulares ACE2, mais prevalentes em gatos, podem favorecer o aparecimento de sinais clínicos respiratórios por SARS-CoV-2 em animais de companhia.