Dados do Trabalho

Título

Descrição do perfil epidemiológico da população agredida por morcegos hematófagos (Desmodus rotundus) e do tratamento pós exposição no estado do Amazonas, Brasil.

Introdução

Os surtos recentes de raiva na população humana  na região Amazônica estão associados a agressões por morcegos hematófagos. Devido as distâncias inerentes da região, bem como as constantes agrassões sofridas pela população espoliada , é importante a analise dos dados registrados nas fichas do SINAN.

Objetivo (s)

Compreender o perfil sociodemográfico da população espoliada por morcego hematófago no estado do Amazonas e tratamento utilizado.   

Material e Métodos

Realizou-se um estudo descritivo retrospectivo das agressões por morcego na população humana no estado do Amazonas entre os anos de 2007 a 2021, com levantamento de dados registrados nas fichas de Atendimento Antirrábico Humana do Sistema de Notificação e Agravos disponibilizados pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. O trabalho foi aprovado pelo comitê de Ética da Fundação de Medicina Tropical - Doutor Heitor Vieira Dourado com protocolo 5.949.857.   

Resultados e Conclusão

Foram avaliadas 2.428 notificações, a maioria em crianças e jovens 1 a 19 anos (47,6%), indivíduos da cor parda (60,71%), ensino fundamental incompleto (32,5%), estudantes (33,6%) e zona de residência rural (72,4%). O principal tipo de exposição foi a  mordedura (88,8%), membros mais acometidos foram mãos/pés (61,2%), com uma única lesão (66,6%), e ferimentos superficiais (49,7%). Quanto ao tratamento pós exposição em 62,76% (1564) dos pacientes, foi realizada a profilaxia com vacina e soro (como preconizado pelo Ministério da Saúde), apenas a vacina em  31,54% (n=766) dos pacientes. A maioria dos pacientes expostos não receberam o tratamento pós exposição preconizado pelo Ministério da Saúde que é soro (SAR OU IGHAR) e vacina. Em reunião com profissionais do sistema de saúde, a explicação para a  ausência do soro em tratamento se apoia na dificuldade em manter a temperatura adequada (ideal a temperatura de 5°C). No quesito interrupção do tratamento foi identificado 13,70% de interrupção entre os pacientes agredidos. Destes, 11% foram por abandono do tratamento e 86,70% das fichas não possuíam informação sobre a causa da interrupção do tratamento. Após o abandono do tratamento, as equipes de vigilância em saúde fizeram busca ativa do paciente em  9,30% dos casos.A partir da análise das fichas de atendimento anti rábico foi possível verificar a falta de completude de informações da ficha, principalmente das informações relativas ao tratamento atual do paciente. A agressão pelo morcego hematófago é uma ocorrência constante na Amazônia brasileira, de extrema importância em saúde pública.   

Palavras Chave

Raiva Humana; Sinan; Zoonoses; Amazônia