Dados do Trabalho

Título

Mapeamento do cenário epidemiológico de linhagens do vírus da dengue circulantes no Brasil em 2024.

Introdução

O vírus da dengue (DENV), um flavivírus transmitido por mosquitos do gênero Aedes, é responsável por um número alarmante de casos em diversos países ao redor do mundo. O Brasil é considerado um epicentro da doença, acumulando 6.803.727 casos notificados e 2.897 óbitos até a 19ª semana epidemiológica de 2024. Embora os quatro sorotipos do vírus estejam em circulação no país, com predominância dos genótipos V e II de DENV-1 e DENV-2, respectivamente, há uma escassez de dados sobre a distribuição da diversidade das linhagens virais. Esta lacuna impacta diretamente as estratégias de vigilância em saúde pública, que dependem da compreensão da dinâmica evolutiva do vírus, acarretando implicações significativas para os esforços de controle global da dengue.

Objetivo (s)

Mapear a distribuição das linhagens do vírus da dengue em circulação no Brasil em 2024.

Material e Métodos

Foram utilizadas 691 sequências genômicas do vírus da dengue, coletadas em 2024. Destas, 255 foram geradas pelo Centro de Vigilância Viral e Avaliação Sorológica (CeVIVAS), enquanto as demais foram obtidas do banco de dados público GISAID. As sequências de cada sorotipo foram identificadas utilizando o sistema de classificação desenvolvido pelo nosso grupo, denominado Dynamic DEVILS, através da versão web do aplicativo Nextclade.

Resultados e Conclusão

A análise de DENV-1 (n=358) revelou a circulação dos genótipos 1IV e 1V, com o subgenótipo 1V.T predominante. Das 352 cepas de 1V, 170 foram classificadas em nove linhagens, destacando-se 1V.T.11 e 1V.T.4. Linhagens específicas foram identificadas em diferentes estados brasileiros, como 1V.T.11.8 no Mato Grosso, onde era inédita, e 1V.T.7, que persiste em São Paulo. A análise de DENV-2 (n=310) revelou os genótipos 2II, 2III e 2V, com predominância do subgenótipo 2II.D, especialmente a sublinhagem 2II.D.10.1.1, atribuída a 295 cepas e presente em todos os estados representados. A sublinhagem 2III.C.4.1 (n=6) foi a única do genótipo 2III, identificada no Espírito Santo e Rio de Janeiro. Entre as 23 cepas de DENV-3, o genótipo 3III foi o único identificado; 20 cepas do subgenótipo 3III.N, encontrado apenas em Minas Gerais, enquanto as 3 restantes puderam ser classificadas apenas ao nível de genótipo, oriundas de São Paulo e Maranhão. Esse estudo destaca a complexidade da circulação dos sorotipos de DENV no Brasil, enfatizando a diversidade genética e a presença de linhagens regionais, essenciais para compreender e controlar a disseminação do vírus da dengue.

Palavras Chave

Vírus da dengue (DENV); Vigilância Genômica; Evolução viral; Saúde Pública; Vigilância Epidemiológica