Dados do Trabalho
Título
Neurocriptococose em paciente imunocompetente no estado de Roraima: um relato de caso.
Objetivos(s)
Relatar caso de neurocriptococose em paciente imunocompetente.
Relato do Caso
A neurocriptococose é uma infecção fúngica provocada pelo gênero Cryptococcus. É uma entidade clínica comum em pacientes com HIV ou com algum grau de imunossupressão, sendo C. neoformans o principal responsável pela infecção. Em imunocompetentes é considerada rara, inicialmente assintomática e autolimitada, sendo a principal espécie o C. gattii. A complexidade diagnóstica nesse grupo gera dificuldade em identificar a etiologia das afecções meningoencefálicas, sendo assim, uma história clínica e epidemiológica detalhada associada a exames bem empregados são essenciais para o diagnóstico e início precoce do tratamento. D.S., sexo masculino, 60 anos, previamente hígido, proveniente de Uiramutã, norte do estado de Roraima, servidor do Distrito Especial de Saúde Indígena. Iniciou quadro de cervicalgia, cefaleia, vômitos e turvação visual. Passou por diversas consultas médicas emergenciais e ambulatoriais, recebendo diagnóstico de hérnia de disco cervical. Devido a não melhora dos sintomas, procurou neurocirurgião, quando realizou ressonância magnética (RM) na qual identificou-se um processo inflamatório/infeccioso compatível com meningoencefalite e foi então encaminhado à emergência para investigação. Os exames admissionais evidenciaram: leucocitose às custas de neutrófilos e discreta anemia; testes rápidos para HIV, hepatites e sífilis não reagentes; e a análise do líquido cefalorraquidiano demonstrou turbidez, pH 7, hipoglicorraquia, hiperproteinorraquia e presença numerosa de fungos em brotamento do gênero Cryptococcus, sendo instituído terapêutica com anfotericina B desoxicolato associada a fluconazol, as únicas formulações disponíveis. Evoluiu com hipocalemia refratária e hepatotoxicidade. Posteriormente, o esquema foi trocado para anfotericina B lipossomal e flucitosina, com boa aceitação. Clinicamente, o paciente encontra-se internado, estável, com melhora da turvação visual, mantém dificuldade auditiva, alimenta-se por sonda enteral e deambula com auxílio. Resultado de cultura do líquor evidenciou Cryptococcus gattii e nova RM ainda com alteração do sinal em região meníngea, mas sem criptococomas.
Conclusão
Este relato destaca a importância de uma abordagem diagnóstica detalhada em infecções meningoencefálicas. A complexidade clínica da doença é evidenciada pela dificuldade diagnóstica, especialmente em populações raramente afetadas tornado essa discussão importante para um tratamento rápido e eficaz.
Área
Eixo 12 | 3.Micoses humanas e veterinárias - Outras
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Luisa Vitória Paiva Cabral, Bianca Sena Magalhães, Jessica Vanina Ortiz, Amanda Carolina Nunes Carvalho, João Victor Gemaque Santos, Írian dos Santos Soares, Nayara Melo dos Santos