Dados do Trabalho
Título
O rato como albergue de parasito de relevância médica.
Introdução
A leishmaniose visceral é uma zoonose reemergente em diversas regiões do Brasil que pode ter sua epidemiologia afetada conforme se alteram as condições ambientais em consequência das alterações antrópicas e do aquecimento ambiental. Ratos, guaxinins, cassacos, gatos, cães, flebotomíneos e humanos convivem em regiões urbanas próximas a áreas com maior cobertura vegetal, podendo levar os parasitos para dentro das matas e trazê-los para o domicílio. Os esforços para determinar quais animais oferecem risco de transmissão das leishmanioses para humanos pode ser crucial para a quebra dos ciclos de transmissão dessas doenças.
Objetivo (s)
Relatar a presença de Leishmania spp. em tecidos de animais silvestres ou sinantrópicos, encontrados mortos, recebidos e examinados pelo LAPS-UFC.
Material e Métodos
O Laboratório Acadêmico de Patologia Silvestre (LAPS) recebe animais encontrados mortos de diversas origens que, após avaliação veterinária, são congelados por inteiro com histórico atrelado e número de registro. O animal é descongelado, fotografado, medido e avaliado externamente em detalhes antes da necropsia durante a rotina de inquéritos patológicos. Ao fim da necropsia são coletadas amostras dos principais órgãos para a rotina histológica e molecular. Neste trabalho foi avaliado tecido parafinado, formalina-fixado e parafina-incluído (FFPE), por PCR quantitativa (qPCR) utilizando o gene 18S como endógeno.
Resultados e Conclusão
O animal analisado neste estudo foi Rattus norvegicus, encontrado em um domicílio residencial em Fortaleza, Ceará. Foi detectada a positividade para L. infantum na ratazana de cor castanha, jovem, do sexo masculino, por meio de qPCR (Cq = 32,52). Ao ser necropsiada foi encontrado moderado depósito de gordura subcutânea e intracavitária abdominal, fígado friável, pálido e aumentado, sugestivo de esteatose. A histopatologia do fígado mostrou estruturas teciduais típicas e preservadas, presença de moderada quantidade de hepatócitos com macrovesículas claras. Tanto em fígado quanto em baço não foram visualizados infiltrados inflamatórios nem células parasitadas. Informações de procedência do indivíduo mostraram que o mesmo vinha de uma área com casos ativos de leishmaniose visceral canina. O espécime de R. norvegicus foi considerado positivo para infecção por L. infantum pelo qPCR mas não apresentou lesões inflamatórias compatíveis. A prevalência de L. infantum em roedores sinantrópicos pode sustentar o ciclo urbano do protozoário, apesar das tentativas de mitigação de seu ciclo.
Palavras Chave
qPCR; necrópsia; inquérito patológico
Área
Eixo 14 | Zoonoses e Saúde Única
Prêmio Jovem Pesquisador
3.Concorrer na categoria - Doutorado
Autores
Aline Sombra Santos, Roberta da Rocha Braga, Juliana Mariotti Guerra, Maria Jania Teixeira