Dados do Trabalho

Título

Identificação das hepatites virais em refugiados residentes do estado do Rio de Janeiro

Introdução

As hepatites virais são importantes problemas de saúde pública e afetam mais de 400 milhões de pessoas mundialmente. Para alcançar a meta da Organização Mundial da Saúde de eliminação da transmissão das hepatites virais até 2030, é fundamental investigar a circulação desses vírus em populações chave e em vulnerabilidade, como os refugiados, uma vez que o diagnóstico e tratamento precoce irão impactar diretamente na transmissão e controle desses agravos.

Objetivo (s)

Investigar a prevalência e fatores de risco das hepatites virais em refugiados que residem na região urbana do estado do Rio de Janeiro.

Material e Métodos

Cento e sete voluntários (refugiados ou imigrantes) atendidos por instituições de apoio parceiras foram submetidos à coleta de sangue e questionário socioepidemiológico. A partir das amostras coletadas, foram realizados testes sorológicos para os vírus das hepatites A (HAV), B (HBV) e C (HCV), através do método de eletroquimioluminescência (Liason XL-DiaSorin). Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fiocruz sob o CAAE 64994622.1.0000.5248.

Resultados e Conclusão

Dois indivíduos (2/107; 1,1%) apresentaram positividade para o HBsAg, marcador de infecção presente pelo HBV. Foi identificada uma prevalência de 16% (18/107) para o marcador de exposição a este vírus (anti-HBc), e destas, três amostras tiveram o DNA viral detectado por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), denotando infecção oculta pelo HBV. Sessenta e cinco indivíduos (60%) apresentaram sorologia reagente para o anti-HBs, marcador de imunidade ao HBV. Para o HAV, foram encontradas 77/107 (71%) amostras positivas para a pesquisa do anticorpo total. Um indivíduo apresentou sorologia reagente para o HCV (0,9%). Analisando por continentes, foi observado que a maioria (9/18 - 50%) dos indivíduos expostos ao HBV eram do continente africano. Todos os casos de detecção do HBV foram provenientes de Angola. Para o HAV, a maior parte dos casos positivos foram provenientes da América Latina (87%), assim como o HCV, onde o único caso encontrado foi proveniente da Venezuela. A maioria dos agravos identificados apresentou prevalências superiores às encontradas na população brasileira. A identificação de doenças infecciosas circulantes entre a população de refugiados consolida a importância da garantia do atendimento à saúde para essa população, além da constante imunovigilância destes agravos em território nacional.

Palavras Chave

Hepatites Virais; Vigilância Epidemiológica; Refugiados; Infecção Sexuamente Transmissíveis (ISTs)